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MP investiga regra que permite cancelamento de matrículas de alunos por falta em SP

Resolução permite cancelar matrícula de alunos da rede pública que apresentarem mais de 15 faltas consecutivas

29 de Agosto de 2023 às 18:23
Cruzeiro do Sul [email protected]
Férias escolares chegaram
MP investiga regra que permite cancelamento de matrículas de alunos por falta em SP (Crédito: Governo do Estado de São Paulo (30/1/2019))

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou inquérito civil público para investigar resolução da Secretaria Estadual de Educação que permite cancelar a matrícula de alunos da rede pública que apresentarem mais de 15 faltas consecutivas. O órgão quer apurar se há "possível violação de direitos".

No início do mês passado, a pasta publicou a resolução 25, na qual estabeleceu critérios e procedimentos para o lançamento de registro de Não Comparecimento (NCOM) na rede pública de ensino do Estado de São Paulo.

Na avaliação dos promotores João Paulo Faustinoni, Bruno Simonetti e Fernanda Cassiano, que assinam a instauração do inquérito, a medida pode ser irregular porque é dever do Estado garantir educação básica, obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, bem como zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência escolar.

Eles também consideram que a resolução contradiz outra, da própria secretaria, que veda a exclusão de matrícula de estudantes que não comparecerem às aulas ou abandonarem a escola. O inquérito foi aberto na sexta-feira (25), e a Secretaria de Educação tem dez dias para apresentar sua defesa.

Para o educador Mozart Neves Ramos, professor da USP de Ribeirão Preto e ex-secretário de Educação de Pernambuco, a medida é equivocada. "Ela foi feita durante o período de férias de julho e, portanto, a comunidade, os professores, os gestores, não estavam acompanhando o dia a dia", avaliou, em entrevista à Rádio Eldorado.

"No pós-pandemia, o que se observou, principalmente entre crianças e jovens, foi um desvínculo com as escolas", ressaltou. "Aumentou muito o abandono escolar de 2019 a 2022. Isso é um problema que deve se agravar se medidas como essa se mantiverem."

Segundo o educador, em vez de cancelar as matrículas, a secretaria precisa investir para descobrir o que está levando os alunos a ficarem mais de 15 dias longe das escolas. "E procurar, a partir disso, dialogar com o Conselho Estadual de Educação e com o Ministério Público", defendeu.

O Estadão pediu posicionamento à Secretária de Educação, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. (Estadão Conteúdo)