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Menos de 30 dias após ser internado, Faustão passa por transplante
Nas redes sociais, pessoas criticaram a rapidez no processo; Ministério da Saúde se manifestou
O apresentador Fausto Silva, o Faustão, passou por uma cirurgia de transplante de coração neste domingo (27) no Hospital Albert Einstein, após ter sido "priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde". Internado desde o dia 5 para tratar insuficiência cardíaca, sua equipe médica passou a indicar a cirurgia no dia 20. O prazo total entre a internação e o transplante foi de 22 dias. Em São Paulo, o tempo de espera por um transplante oficialmente é de 1 a 3 meses - mas pode ser reduzido por urgência.
Houve, porém, reações nas redes sociais, criticando a rapidez no processo. João Silva, filho do apresentador, usou o Instagram para se manifestar, republicando um story postado pelo amigo Enzo Celulari, em que se destacava "Informem-se antes de julgar" e o link para uma série de tuítes de um médico de Minas, pedindo para que "não façam ilações ou acusações irresponsáveis de 'furação' de filas ou interesses escusos".
Segundo o Ministério da Saúde, entre 19 e 26 de agosto foram realizados 13 transplantes de coração no País, sendo 7 em São Paulo. "Ele (Faustão) recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento, assim como os outros sete transplantados", diz a nota oficial.
ACEITE, APÓS RECUSA
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na madrugada deste domingo a Central de Transplantes teve a oferta de um coração. "O sistema informatizado de gerenciamento de transplantes trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Desses, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente (Faustão) ocupava a segunda posição nesta seleção. A equipe transplantadora do paciente que ocupava a primeira posição decidiu pela recusa do órgão e, desta forma, a oferta seguiu para o segundo paciente da seleção."
De acordo com o boletim médico divulgado pelo Albert Einstein, a cirurgia ocorreu no início da tarde de ontem e durou 2h30. O procedimento foi realizado com sucesso. Faustão continuará na UTI para o acompanhamento da adaptação do órgão e para controle da rejeição.
VISÃO DO ESPECIALISTA
Um prazo menor de 30 dias para um transplante de coração não é raro, de acordo com especialistas. "Isso com os critérios de gravidade que nós temos hoje. Neste ano, 60 pacientes no Brasil receberam o órgão com menos de um mês de fila de espera", afirma Gustavo Fernandes Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e diretor do programa de transplante da Santa Casa.
É a mesma visão de Paulo Pêgo Fernandes, professor de cirurgia torácica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do conselho da ABTO. (O prazo) não surpreende. Não é rotineiro, mas já tivemos casos até mais rápidos."
Existem diferentes categorias de prioridade, de acordo o estado de saúde do paciente. Aquele que precisa de auxílio mecânico para o funcionamento do coração com o aparelho conhecido como Ecmo - máquina extracorpórea que fornece suporte para o sistema cardíaco - é o primeiro da fila. Depois, vêm aqueles que precisam de balões intraórticos, que ajudam a bombear o sangue para o organismo. Em seguida, os pacientes que estão na UTI, com medicamentos intravenosos. Por fim, aqueles que recebem tratamento na enfermaria. Quando o receptor está em tratamento ambulatório domiciliar, vale a ordem cronológica da fila e a espera chega a alguns meses.
CRITÉRIOS
Para transplante de coração, são considerados critérios técnicos, como a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura e genética. O tamanho do órgão também é importante. "Em um paciente com prioridade, a média é de 40 dias, mas depende de todos esses fatores", diz Pêgo.
De acordo com o Ministério da Saúde, a lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para os da rede privada. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como um critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Estadão Conteúdo)