Enviado pelo presidente Vladimir Putin para reuniões em Brasília, o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, se encontrou, nesta segunda-feira (17), com o presidente Lula, em Brasília. Lavrov afirmou que os dois países têm visões coincidentes sobre a guerra da Ucrânia. Segundo Lavrov, os russos querem uma solução duradoura para o conflito e não de imediato.
‘As visões do Brasil e da Rússia são únicas em relação aos acontecimentos na Rússia‘, afirmou Lavrov, em pronunciamento no Itamaraty, ao lado do chanceler brasileiro, Mauro Vieira. ‘Estamos atingindo uma ordem mundial mais justa, mais correta, baseada no direito. Isso nos dá uma visão de mundo multipolar, levando em consideração as visões de vários países e não só de poucos países‘.
Lavrov afirmou que as sanções lideradas pelos Estados Unidos e pela Europa prejudicam a Rússia e chamou de uma ‘luta dura‘ o posicionamento do Ocidente em relação à guerra. O Brasil jamais apoiou as sanções, não adotou nenhuma delas e posicionou-se contra nos fóruns multilaterais, como as Nações Unidas.
‘As sanções unilaterais aplicadas e não aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU não são consideradas legítimas e estão impedindo o trabalho de várias organizações‘, afirmou Lavrov. A retórica de Lula tem sido vista no Ocidente como cada vez favorável aos interesses do governo Putin.
O outro lado
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, expressou nesta segunda-feira seu ceticismo sobre as possibilidades de sucesso dos esforços de paz no conflito com Moscou e afirmou que ‘a Rússia quer a guerra‘.
‘Hoje, a Rússia quer a guerra. Precisaremos de tempo para os esforços de paz‘, disse Kuleba, de visita a Bagdá.
‘Não se pode dizer que é a favor da paz enquanto tenta conquistar mais território, cometendo mais atrocidades, destruindo vilas e cidades‘, acrescentou o ministro em coletiva de imprensa conjunta com seu homólogo iraquiano, Fuad Hussein.
‘A Rússia deve concordar com algo muito simples: parar a guerra e se retirar do território ucraniano. Isso criará um espaço para a diplomacia‘, apontou Kuleba.
Apoiada por seus parceiros ocidentais, a Ucrânia tenta obter apoio diplomático de países emergentes, especialmente do Oriente Médio e da Ásia.
A União Europeia (UE) reagiu, nesta segunda às acusações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que Estados Unidos e Europa contribuiriam para o prolongamento da guerra na Ucrânia.
Em coletiva de imprensa, o porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano, negou que as ações do bloco tenham alimentado o conflito e enfatizou que a Rússia é a agressora neste caso. ‘O que estamos fazendo é ajudar a Ucrânia a exercer seu direito legítimo de autodefesa‘, afirmou.
Stano lembrou que o Brasil votou a favor da resolução que condena a decisão de Moscou de invadir o país vizinho e determina que o Kremlin retire todas as tropas do território ucraniano. ‘Não é verdade que os EUA e a UE estejam ajudando a prolongar o conflito. A verdade é que a Ucrânia é vítima de uma agressão ilegal que viola a Carta das Nações Unidas‘, rebateu.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca também criticou duramente o Brasil. E acusou o País de ficar repetindo a narrativa escolhida por Rússia e China sobre a guerra.
‘Neste caso, o Brasil está papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto‘, disse a jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby. (Da redação com informações do Estadão Conteúdo e da AFP)