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SP fecha cerco contra ataques nas escolas
Denúncias levam Polícia Civil a identificar situações que remetem a planejamentos de atentados
Após o ataque ocorrido na Escola Estadual Thomazia Montoro, na capital paulista, no dia 27 de março, a Polícia Civil do Estado de São Paulo identificou -- no ambiente virtual ou escolar -- um aumento de situações que indicam planos de possíveis ataques em escolas. As Secretarias Estaduais de Segurança Pública e de Educação alertam que o compartilhamento de fotos e vídeos de casos de violência no ambiente escolar pode servir de gatilho para outros atentados.
Em uma semana, a Polícia Civil registrou 279 casos. O trabalho do setor de inteligência da Polícia Civil frustrou, entre os dias 11 e 12 de março, dezenas de possíveis atos violentos em escolas. Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão nos municípios de São José dos Campos, Caçapava e Tupã, sendo apreendidos três adolescentes com celulares, facas, máscara, chips de telefonia, bandanas e caderno de anotações.
Entidades médicas dos Estados Unidos, como a Psychological Association e a American Academy of Pediatrics, que acompanham o assunto, apontam conexão causal entre violência na mídia e comportamento agressivo em algumas crianças. Referências no jornalismo como o Dart Center, ligado à Universidade de Columbia, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) orientam que seja evitada a divulgação de imagens ou vídeos dos agressores.
A premissa é de que as imagens podem ser usadas por comunidades que valorizam estes ataques, transformando os agressores em heróis. Neste sentido, não é recomendável que os veículos de comunicação reproduzam imagens sobre este tipo de ocorrência, e à população em geral que não compartilhe, sob risco de incitar o chamado “efeito contágio” por outros potenciais agressores.
O Governo de São Paulo reiterou que faz o monitoramento e o acompanhamento contínuo das situações que envolvam possibilidades de atentados em escolas e realiza ações de prevenção, além das de policiamento, para garantir a segurança e proteção de toda a comunidade escolar do Estado.
Após o ataque, a Polícia Militar reuniu os comandantes das companhias de área com os diretores escolares para discutir a ampliação dos programas e estratégias de combate a agressores ativos. Além desta medida, a gestão estadual também estuda contratar policiais da reserva para que eles fiquem de forma permanente nas escolas.
As polícias Civil e Militar realizam treinamento na Academia de Polícia do Estado de São Paulo (Acadepol) para preparar os policiais a terem uma ação rápida e eficaz em casos envolvendo este tipo de violência. Além da parte teórica, também são realizadas simulações. Esse treinamento já ocorreu para diversos batalhões e cidades e sua ampliação está em estudo.
Atualmente, 566 policiais militares atuam no policiamento realizado no entorno das unidades educacionais, por meio do programa Ronda Escolar, que também estão permanentemente em contato com as direções das escolas. O patrulhamento nas imediações também é feito por policiais a pé e em motocicletas. Em determinadas escolas há o reforço do policiamento por meio do programa da Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho (Dejem), cuja adesão é opcional.
Luto pelas crianças toma conta de Blumenau
O luto se espalhou pela cidade de Blumenau (SC). As quatro vítimas do homem que invadiu a creche Cantinho do Bom Pastor, na quarta-feira (5), foram enterradas na manhã de ontem (6), em dois cemitérios da cidade, sob forte clima de comoção. Bernardo Cunha Machado, de 5 anos, Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos, Larissa Maia Toldo, 7 anos, e Enzo Marchesin, de 4 anos, foram mortos a golpes de machadinha enquanto brincavam no pátio.
O assassino é um homem de 25 anos, provavelmente em surto, que já tinha passagem pela Polícia. As motivações do crime ainda estão sendo apuradas. Depois de fugir do local, ele acabou se entregando à Polícia Militar.
Após o sepultamento das crianças, dezenas de coroas de flores foram levadas para a porta da creche Cantinho do Bom Pastor. A vigília seguia por lá no fim da tarde de ontem, com velas acesas na porta e moradores indo até o local para prestar homenagens.
Ao lado da entrada, também havia bichos de pelúcia e desenhos de outras crianças. Em uma das ilustrações, quatro anjos são retratados -- três meninos e uma menina -- em alusão às vítimas do atentado. Em outro, os dizeres: “Força para recomeçar”.
Outras cinco crianças ficaram feridas no ataque, mas todas já estão em casa. Duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos deixaram ontem o Hospital Santo Antônio. Uma quinta criança, que foi levada para o Hospital Santa Isabel, recebeu alta ainda ontem.
Dor
Dono de uma loja de roupas no centro, o comerciante Carlos Costa, de 47 anos, colocou um cartaz na vitrine da local como forma de homenagear as vítimas do ataque na creche Cantinho do Bom Pastor, na quarta-feira (5). “Que Deus conforte os corações das famílias”, diz um trecho da mensagem colada rente à porta.
“Foi uma tragédia que mexeu muito com a gente. Então decidi fazer isso e colocar os manequins todos de preto”, afirmou ele, que tem um casal de filhos, de 6 e 10 anos. Assustado após o massacre, ele decidiu buscá-los na escola antes do fim das aulas
O atentado de Blumenau, conta Carlos, o fez lembrar o massacre de Saudades, em 2021, quando duas mulheres e três crianças foram mortas, que também impactou moradores da cidade. Mas dessa vez ele disse que foi bem pior. “A mãe de uma das vítimas é próxima da minha sogra, então isso mexeu mais ainda com a gente. Eu mal conseguia me mover no dia”, contou. (Da Redação, com informações do Governo do Estado)