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Blumenau

Homem mata 4 crianças em creche de SC

Assassino invadiu escola munido de uma machadinha; após o ataque ele fugiu, mas se entregou à PM

05 de Abril de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Mães de crianças atendidas na creche tentavam se consolar após mais um episódio de violência
Mães de crianças atendidas na creche tentavam se consolar após mais um episódio de violência (Crédito: FÁBIO MONTEIRO / ESTADÃO CONTEÚDO)

 

Quatro crianças morreram e outras cinco ficaram feridas num ataque à creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau (SC), na manhã de ontem (5). O atentado foi cometido por um homem de 25 anos, por volta das 9h. Segundo o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), todas as vítimas três meninos e uma menina entre 4 e 7 anos eram filhos únicos. Após fugir do local do crime, o agressor se apresentou ao 10º Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.

Após o ataque, boatos e fake news se espalharam por Blumenau e outros municípios da região, porém outros episódios não foram registrados. A Polícia de Santa Catarina informou, em coletiva de imprensa, que foi um “caso isolado”. E o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

As vítimas foram identificadas como Bernardo Cunha Machado, de 5 anos; Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos; Larissa Maia Toldo, 7 anos; e Enzo Marchesin, de 4 anos. As outras cinco crianças foram levadas para o Hospital Santo Antônio, passaram por cirurgia e têm quadro estável.

Terror

Havia 40 crianças na creche quando o homem, que já tem passagem pela Polícia por lesão corporal, pulou o muro e entrou no local munido de uma machadinha. Funcionária há quatro anos do berçário da creche, a professora Simone Aparecida Camargo se trancou com os bebês no banheiro quando percebeu a invasão.

A professora trocava mensagens com o marido, o motorista André Nazário, por volta das 9h, quando houve o ataque. “Falei com ela para se abaixar e ela se trancou com as crianças”, disse ele. “Depois ela gravou um áudio chorando falando que as crianças foram atacadas no pátio”, afirmou.

A filha de 4 anos do vidraceiro Henrique Araújo, de 31, estava no pátio onde as crianças foram atingidas. “Ela relatou que viu o moço de capacete rosa pular o muro com um martelo e uma faca na mão”, disse. O “martelo” a que a criança se referia foi a machadinha usada pelo agressor para golpear os alunos.

Segundo o pai, ela contou ter visto o homem bater com a arma na cabeça de um menino, que acabou morrendo. “Ela só chora em casa. Para essas crianças voltarem para a escola vai ser complicado.”

As aulas serão retomadas em Blumenau na segunda-feira (10). Segundo a prefeitura, as circunstâncias do retorno serão discutidas em reunião com todos os diretores de escolas públicas e privadas da cidade na manhã hoje. No caso da creche atacada, as aulas não serão retomadas na data, porém será disponibilizado atendimento psicológico para as famílias e servidores. 

Ataques mataram 40 nos últimos 20 anos

O ataque à creche de Blumenau na manhã de ontem aumentou para ao menos 40 o número de alunos e professores mortos em atentados a escolas desde o início dos anos 2000. Ao menos 18 casos do tipo foram registrados no período, totalizando mais de 70 feridos.

O levantamento é parte de um relatório apresentado durante os trabalhos de transição do governo federal, em dezembro. Não foram identificados casos ocorridos antes de 2002, quando um estudante de 17 anos disparou dentro de uma sala de aula em Salvador.

O levantamento indica que, até 2022, ocorreram 16 ataques a escola no Brasil, com 35 mortos e 72 feridos. Somente no segundo semestre do ano passado, foram registrados quatro casos.

Nos Estados Unidos, onde o número de casos é o maior do mundo, foram 554 vítimas ao todo, 185 mortos e 369 feridos em ataques violentos à escolas.

Outro caso recente ocorreu em 27 de março, na cidade de São Paulo. A professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, foi esfaqueada por um aluno de 13 anos de uma escola estadual na Vila Sônia, na zona oeste da capital. Outros três docentes e um estudante também foram feridos.

Em parte dos casos de violência, há associação com símbolos neonazistas. Em Aracruz (ES), onde três professoras e uma aluna morreram no ano passado, por exemplo, o atirador usava uma suástica. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)