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PCC pretendia matar Moro e autoridades
Plano foi desbaratado ontem pela Polícia Federal, que vasculhou 24 endereços em quatro Estados e no DF
A Polícia Federal (PF) abriu na manhã de ontem (22) operação contra uma quadrilha que pretendia atacar servidores públicos e autoridades, planejando homicídios e extorsão mediante sequestro em quatro Estados e no Distrito Federal. O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) era o principal alvo. Outro era o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de São Paulo, que há mais de 20 anos investiga a organização criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC).
Nas redes sociais, Moro agradeceu a atuação das forças de segurança e revelou que ele e sua família estariam entre os alvos de “planos de retaliação do PCC”. Também estariam na mira dos criminosos autoridades do sistema penitenciário e integrantes das Policias de diversos Estados.
Nove investigados foram presos, parte deles ligados ao PCC. Um efetivo de 120 agentes vasculhou 24 endereços em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. Num deles, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, a Polícia Federal encontrou um fundo falso, revelando uma antessala que poderia servir como esconderijo, segundo investigadores.
A operação foi batizada “Sequaz”, de acordo com a PF, em referência “ao ato de seguir, vigiar, acompanhar alguém”. O termo foi utilizado em razão do “método utilizado pelos criminosos para fazer o levantamento de informações as possíveis vítimas”, diz a corporação.
Desde janeiro
O ousado plano de atentados foi descoberto pelo Ministério Público de São Paulo em janeiro. O promotor de Justiça Lincoln Gakiya tomou conhecimento da estratégia criminosa ao interrogar uma testemunha. O depoimento foi tomado em uma investigação sobre ações planejadas pela organização como retaliação a autoridades.
A suspeita foi levada por Gakiya ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, que acionou a cúpula da Polícia Federal e comunicou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A PF acredita que a escalada de violências do PCC estava na iminência de ser desencadeada. Soldados da facção monitoravam os passos dos alvos e já haviam alugado imóveis que, provavelmente, seriam usados durante a execução do plano.
O plano da facção teria sido motivado por mudanças nas regras para visitas a detentos -- Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Ele também coordenou a transferência e o isolamento dos “cabeças” da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.
Projeto específico
O senador Sérgio Moro apresentou ontem ao Senado um projeto de lei para criminalizar o planejamento de ataques e sequestros contra autoridades. O projeto prevê, dentre outras medidas, pena máxima de 12 anos em presídios federais de segurança máxima a quem planejar ataques a autoridades como juízes, promotores, policiais e políticos. A punição também se estende a quem ordenar as tentativas de atentado.
A justificativa do senador é de que, embora as autoridades soubessem desde janeiro sobre o possível atentado, tiveram “que esperar o crime começar para poder agir”. Apesar de já existir o crime de associação criminosa, na perspectiva do parlamentar seria necessário proteger forças-tarefas e “aumentar a segurança de magistrados, promotores e policiais envolvidos”. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)