Política econômica
Haddad diz que governo fará reformas com ‘alta intensidade’
Declaração foi feita a empresários durante reunião na Fiesp
Durante participação em reunião da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem (30) que as reformas terão “alta intensidade” no novo governo e que ele enxerga receptividade tanto na Câmara quanto no Senado em relação à agenda do Executivo. “Não vejo intenção de postergar aquilo que precisa ser discutido”, disse o ministro, que tem sido pressionado pelos empresários a adotar medidas de cortes de gastos e de desoneração de impostos.
Especificamente em relação à reforma tributária, disse que a ideia “é copiar o que deu certo” em outros países e, numa crítica a seu antecessor, acrescentou que a mudança na estrutura dos impostos não prosperou antes porque a estratégia do governo Bolsonaro foi propor a volta de tributo nos moldes da antiga CPMF para compensar a desoneração da folha de pagamentos. “Não houve vontade política de aprovar a reforma tributária. Havia entendimento na Câmara e no Senado de que a reforma estava no caminho certo”, disse Haddad.
Sem dar detalhes, Haddad afirmou ainda que o governo vai “desengavetar” iniciativas de democratização do crédito apresentadas pelo Banco Central (BC), e que ficaram paradas no governo anterior.
Segundo ele, o assunto já foi discutido com o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O objetivo, acrescentou ele, é encaminhar esses projetos até março para a Casa Civil. “A notícia que recebi é de que várias iniciativas ficaram pelo caminho por questões formais”, declarou Haddad, ao falar das medidas na Fiesp.
“A Selic é uma trava para todos nós, e para a democratização do crédito, mas sabemos do potencial que isso teria na economia brasileira”, disse.
Na Câmara
Favorito à reeleição para o comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) já sinalizou que vai apoiar a reforma tributária para ser a marca da sua gestão. No entanto, prefeitos das capitais e representantes dos setores mais resistentes à proposta querem negociar com o governo antes de a tramitação ser retomada no Congresso. A reforma é a agenda número 1 da equipe econômica no Congresso.
Há uma preocupação de a pressa do governo em aprovar a reforma ainda no primeiro semestre espremer o espaço para o diálogo. Um dos riscos é de a proposta ir direto para o plenário, como já aconteceu na votação recente de propostas de emenda à Constituição (PEC).
A equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já foi alertada para a necessidade de chamar logo para conversar os grupos de maior resistência, para não fomentar o crescimento de um movimento antirreforma. (Estadão Conteúdo)
Josué consolida ‘acordo de Paz’ na Fiesp
O presidente da Fiesp, Josué Gomes, aproveitou a reunião da diretoria para estender a bandeira branca na federação. Ele convidou o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf, líder da oposição na entidade, para compor a mesa que recebeu o ministro da Fazenda. Na semana passada, os dois selaram um acordo de paz que encerrou a crise na entidade patronal -- e que envolveu uma tentativa de destituição de Josué.
O discurso de abertura de Josué repetiu ao ministro as queixas do setor aos juros altos, “a maior taxa real do mundo”, e à pesada carga tributária, que reduz a disponibilidade de recursos para investimentos. Segundo Josué, a indústria de transformação deixou de ser a locomotiva do PIB brasileiro, condição que ostentava até a década de 1980, por conta das condições “inóspitas” para o setor -- responsável, lembrou ele, por 30% do total de tributos recolhidos no País. (Estadão Conteúdo)