Brasil
Lula confirma nesta sexta-feira (9) os primeiros nomes de seus ministros
Presidente eleito anunciou Haddad na Fazenda, Rui Costa na Casa Civil, Flávio Dino como ministro da Justiça, José Múcio na Defesa e Mauro Vieira (Relações Exteriores)

O presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmou na manhã desta sexta-feira (9), os cinco primeiros nomes de seus ministros. O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, será o novo ministro da Fazenda do Brasil. Já o governador da Bahia, Rui Costa (PT), será o ministro-chefe da Casa Civil em seu governo.
Também foram confirmados os nomes de Flávio Dino como ministro da Justiça, José Múcio como ministro da Defesa, e Mauro Vieira será o ministro das Relações Exteriores..
De acordo com Lula, a pasta da Fazenda retomará o antigo nome que foi alterado durante o mandato de Jair Bolsonaro para se tornar um superministério, o da Economia, e conceder mais poderes a Paulo Guedes. "Preciso que algumas pessoas comecem a trabalhar para montar o governo e para que nossa estrutura comece a funcionar", disse Lula, em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.
O presidente eleito afirmou ainda que "possivelmente" semana que vem, depois da diplomação, irá apresentar mais ministros. "Vai chegar uma hora que vão ver mais mulheres do que homens e participação de afrodescedentes", disse.Lula classificou a transição como a "mais democrática" já feita.
"Me impressionou a quantidade de voluntários na transição, não utilizamos o dinheiro disponibilizado", afirmou. Como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) em 8 de setembro, Haddad sempre esteve na lista de favoritos de Lula. Tudo dependia da disputa pelo governo de São Paulo.
Apesar de derrotado, Haddad obteve a maior votação do partido em solo paulista desde a redemocratização, o que embalou a eleição do presidente eleito e praticamente carimbou o passaporte do aliado para a Esplanada dos Ministérios. O nome do ex-prefeito ganhou ainda mais força após ele acompanhar Lula em viagem à Conferência do Clima (COP-27) no Egito e a Portugal.
Para reduzir resistências do mercado ao seu nome, Haddad voltou a circular entre agentes do setor, de olho no comando da Fazenda, como registrou o Broadcast há um mês. Economistas do mercado preferiam alguém mais liberal a Haddad na Fazenda. Mais recentemente, ele foi substituir Lula em um evento da Febraban e, a mando do presidente eleito, passou a acompanhar a equipe econômica da transição. Na quarta-feira, esteve reunido com representantes do Banco Mundial (Bird) e, na quinta-feira, se encontrou com Paulo Guedes no Ministério da Economia.
Casa Civil
O favoritismo de Rui Costa foi antecipado pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, em 28 de novembro. "Rui Costa será o meu ministro-chefe da Casa Civil", anunciou Lula em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.
O PT tem uma espécie de "dívida" com Rui Costa, que abriu mão de disputar o Senado para manter a aliança com o PSD na Bahia. Após dois mandatos, Costa lançou o afilhado político Jerônimo Rodrigues para concorrer ao governo e apoiou a reeleição de Otto Alencar ao Senado.
Os dois saíram vitoriosos.Homem da confiança de Lula, Rui Costa, porém, é visto com reservas no PT por sua postura "pouco à esquerda", na avaliação de filiados, e favorável a discutir privatizações. A expectativa é que ele assuma uma postura essencialmente "gerencial" no Ministério responsável por acompanhar os projetos do governo. A articulação para levar Costa à Esplanada dos Ministérios foi feita pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), amigo pessoal do presidente eleito e padrinho político do governador da Bahia.
Ministério da Justiça
Lula também confirmou o nome do ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino (PSD-MA) será o ministro da Justiça. Lula não detalhou se a pasta integrará também a Segurança Pública.
Elogiado tecnicamente pelos pares, bom de retórica e acessível à imprensa desde que começou a fazer parte do governo de transição, Dino foi um dos primeiros nomes a surgir como praticamente uma unanimidade para comandar um dos prédios da Esplanada dos Ministérios em Brasília. Nos últimos dias, ele já era tratado como ministro informalmente por jornalistas e demais membros do governo de transição.
"Tem história política consagrada como deputado, juiz, governador, Flávio Dino foi eleito senador, e vai o nosso companheiro da Justiça. Tenho certeza que ele vai ajudar a consertar muitas coisas nesse País", disse Lula em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.
Vários foram os relatos de que Dino deveria comandar o Ministério da Justiça ou o de Segurança Pública. Poderia ser um terceiro ainda, que consolidasse as duas Pastas. Lula não mencionou Segurança Pública no anúncio.
Dino já adiantou que o relatório da equipe de transição da qual faz parte deve indicar a revogação do decreto que flexibilizou o uso de armas e recomendar que se passe um pente fino nos clubes de tiros abertos no País com uma frequência muito maior durante o governo de Jair Bolsonaro do que em anos anteriores.
Ministério da Defesa
Outro nome confirmado é o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, que será o ministro da Defesa em seu governo. Sua possível indicação foi antecipada pelo Broadcast Político em 28 de novembro.
"José Múcio, grande companheiro, meu ministro, será da Defesa", anunciou Lula em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília "Logo depois que terminar o jogo do Brasil, terei reunião com eles e com os comandantes com que ele já conversou", acrescentou
O favoritismo do pernambucano aumentou ao longo do mês de novembro, devido à resistência de setores das Forças Armadas a um nome petista à frente da Pasta, como o senador Jaques Wagner, ex-ministro da área no governo Dilma e até então o preferido de Lula. Também chegaram a ser considerados para o cargo os ex-ministros da Pasta Nelson Jobim, e Celso Amorim, além do coordenador técnico da transição, Aloizio Mercadante.
Relações Exteriores
Lual ainda confirmou que o embaixador do Brasil na Croácia, Mauro Vieira, será o ministro das Relações Exteriores. O nome de Vieira, anunciado agora, momentos antes do jogo entre os dois países na Copa do Mundo do Catar, foi dado como certo por fontes no início deste mês.
Após anunciar outros quatro ministros mais cedo, Lula fez a indicação do embaixador como chanceler. "Por último, na Croácia, Mauro Vieira será o ministro das Relações Exteriores. Tenho grande relação com Vieira e o escolhi para o Itamaraty", disse Lula em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.
Novos ministros na semana que vem
"Preciso que algumas pessoas comecem a trabalhar para montar o governo e para que nossa estrutura comece a funcionar", disse o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no final da manhã desta sexta-feira, 9, ao anunciar parte do seu ministério.
Em pronunciamento à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília, o presidente eleito afirmou ainda que "possivelmente" semana que vem, depois da diplomação, irá apresentar mais ministros. "Vai chegar uma hora que vão ver mais mulheres do que homens e participação de afrodescedentes", disse o petista. (Estadão Conteúdo)