Articulações no Congresso
Opostos apoiam a reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira
A partir das tratativas até agora, Lira possui o voto de mais de 75% dos integrantes da Casa
![Se a disputa fosse hoje, Lira seria eleito sem dificuldades](https://www.jornalcruzeiro.com.br/_midias/jpg/2022/12/01/opostos_apoiam_a-1041403.jpg)
Tanto o partido do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto a sigla do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciaram apoio à reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A partir das tratativas até agora, Lira possui o voto de mais de 75% dos integrantes da Casa -- 387 de 513 deputados.
A eleição está marcada para 1º de fevereiro -- quando são definidos não só o presidente, mas todos os integrantes da Mesa Diretora. Para ter início, o pleito precisa do quórum básico de 257 deputados federais, número mínimo também para que o presidente seja escolhido em primeiro turno. Até agora, Lira é o único candidato na disputa.
O anúncio do PT foi feito na segunda-feira (29). A federação formada pela sigla junto com o PCdoB e PV definiu aderir a Lira em bloco com o PSB, somando 94 deputados federais. A decisão do partido de Lula busca evitar repetir o mesmo erro que cometido com Eduardo Cunha, à frente Casa em 2016 e um dos “patrocinadores” do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
No mesmo dia, o PL de Bolsonaro, que possui a maior bancada da Casa, com 99 deputados, também anunciou apoio à reeleição de Lira. A sigla lançou o nome do senador eleito Rogério Marinho (RN) na disputa pela presidência do Senado contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Em fevereiro de 2021, quando foi eleito, Pacheco tinha o apoio do presidente do Senado na época, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em uma articulação direta com o Palácio do Planalto. Agora, Pacheco terá o apoio da base do governo eleito, mas não do PL e dos aliados próximos de Bolsonaro.
Após a negociação das alianças, na última quarta-feira (30), o presidente Bolsonaro mandou suspender o pagamento das emendas de relator -- base do “orçamento secreto”, esquema de transferência de recursos públicos a Estados e municípios em troca de apoio no Congresso. A ordem no Palácio do Planalto é não pagar mais nada neste ano.
Na prática, a medida deixa Lira sem capacidade de honrar os acordos feitos para bancar sua reeleição ao comando da Casa. Além disso, empurra para Lula o ônus de manter o esquema do “toma lá, dá cá”, que condenou na campanha, e de liberar as verbas a partir de janeiro de 2023, se não quiser azedar sua relação com o Legislativo. (Estadão Conteúdo)