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Tarcísio de Freitas exclui União Brasil e PSDB da transição
As duas legendas preteridas por Tarcísio nesta fase dos trabalhos de mudança de governo foram aliadas históricas
O PSDB e o União Brasil foram excluídos da equipe de transição do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos), apesar de terem apoiado o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) logo no início do segundo turno da eleição. Tucanos dizem que Gilberto Kassab, principal articulador político do ex-ministro da Infraestrutura e presidente do PSD, teria bloqueado até mesmo a participação do partido no primeiro escalão da futura gestão paulista.
As duas legendas preteridas por Tarcísio nesta fase dos trabalhos de mudança de governo foram aliadas históricas à frente do Palácio dos Bandeirantes nos últimos 28 anos. O União Brasil é resultado da fusão de PSL e DEM, antigo partido de Kassab e do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que, quando correligionários, faziam dobradinha em campanhas. Hoje, são rivais.
Escanteado por João Doria (PSDB) e Garcia no começo da atual gestão, em 2019, Kassab ganhou protagonismo na campanha de Tarcísio e segue com força na transição. O presidente do PSD colocou à frente da coordenação Guilherme Afif Domingos, um fiel aliado, e emplacou até agora ao menos um secretário. O médico Eleuses Paiva foi anunciado na quarta-feira (23) como titular da pasta da Saúde.
Além dele, nomes como Marcelo Branco, Miguel Bucalem e Ricardo Pereira Leite são cotados para cargos na área de infraestrutura. Kassab pode ganhar uma “supersecretaria”, caso não consiga uma vaga no ministério do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com tamanho poder, o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro tem recebido críticas tanto de bolsonaristas como de tucanos. Integrantes do PSDB se queixam da falta de espaço na transição e baixa perspectiva de participação de destaque no governo Tarcísio, mesmo após o PSDB ter eleito nove deputados estaduais. A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) é composta por 94 parlamentares. Procurado, Kassab não se manifestou.
Em conversas reservadas, tucanos se mostram apreensivos com a ausência de diálogo com a equipe de Tarcísio. Tanto dirigentes do PSDB como do União Brasil não emplacaram nenhum nome entre os 105 integrantes já anunciados. Os tucanos não foram nem procurados para discutir espaços no governo e ainda relatam que o clima entre a futura e a atual gestão nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes é “desconfortável”. (Estadão Conteúdo)