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Eleições 2022

Protestos bloqueiam mais de 300 pontos em todo o País

Caminhoneiros se manifestam contra eleição de Lula; STF determina desobstrução

01 de Novembro de 2022 às 00:09
Cruzeiro do Sul [email protected]
Apoiadores de Bolsonaro na Raposo Tavares, em Cotia
Apoiadores de Bolsonaro na Raposo Tavares, em Cotia (Crédito: ISAAC FONTANA/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Horas depois da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de ordenar à Polícia Rodoviária Federal (PRF) que desbloqueasse as rodovias interditadas por caminhoneiros, policiais e agentes começaram, no final da noite de ontem (31), a obrigar os manifestantes a desobstruir as vias. O movimento em protesto ao resultado das eleições de domingo (30) atingiu todos os 27 estados e o Distrito Federal, com mais de 300 pontos de interdição.

Em seu despacho, Moraes disse ser “inegável” que “a PRF não vem realizando sua tarefa constitucional e legal”. O ministro ressaltou o caráter imediato da decisão e aplicou multa de R$ 100 mil por hora para o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, a partir da 0h de hoje, em caso de não cumprimento. A decisão previa, ainda, “afastamento do Diretor-Geral das funções e a prisão em flagrante de crime”, além de citar “omissão e inércia da PRF” para resolver a situação.

Nas interdições, grupos de caminhoneiros bloquearam estradas exibindo faixas contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pedindo intervenção militar. Em São Paulo, um grupo de manifestantes fechou um trecho da Marginal do Tietê no sentido da rodovia Ayrton Senna, na parte da tarde. A situação mais grave até o início da noite era na BR-116, nos trechos próximos de Pindamonhangaba (Via Dutra) e Embu das Artes (rodovia Régis Bittencourt), com tráfego bloqueado nos dois sentidos.

Ontem à noite, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não havia se pronunciado sobre o resultado eleitoral. Segundo interlocutores, Bolsonaro se sente injustiçado e, por isso, ainda não havia se manifestado -- ele, porém, indicou que irá aceitar a derrota. Segundo apurou o Estadão Conteúdo, o presidente disse ter consciência de que um movimento para rejeitar o resultado poderia deflagrar fortes reações de seus apoiadores mais radicais.

A Polícia Rodoviária Federal também foi questionada pelos Ministérios Públicos Estaduais (MPEs) para garantir o tráfego nas estradas. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, montou ontem uma força-tarefa para investigar os bloqueios em estradas estaduais e áreas urbanas do Estado.

Em nota, a PRF disse que “adotou todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo, direcionando equipes para os locais e iniciando o processo de negociação para liberação das rodovias priorizando o diálogo, para garantir, além do trânsito livre e seguro, o direito de manifestação dos cidadãos”.

Sem consenso

Apesar da mobilização de milhares de caminhoneiros pelo País, a ação não teve consenso na categoria. Algumas das principais associações criticaram os atos, vistos como ideológicos. O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, que liderou a greve dos caminhoneiros de 2018, disse que “neste momento, parar o País vai prejudicar muito a economia” e parabenizou Lula pela vitória.

Discurso semelhante foi adotado pelas confederações nacionais do Transporte (CNT), dos Transportadores Autônomos e dos Trabalhadores em Transportes e Logística, além da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) e Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). (Da Redação, com informações de Estadão Conteúdo)