Eleições 2022
Em visita ao Nordeste, Bolsonaro promete reindustrializar a região
Lula recebe apoio de João Amoêdo, do Partido Novo
Ao chegar em Fortaleza (CE) ontem, 15, o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer acenos à população nordestina, região na qual obteve o pior desempenho do primeiro turno. Em meio a novos ataques ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, ele renovou promessas e falou sobre cortes no orçamento.
‘Pegam-se coisas pontuais e acusam: ele vai diminuir recursos da Farmácia Popular, não vai ter nem ovo na merenda, não vai ter fralda geriátrica em 2023. O Orçamento não é um decreto presidencial, é uma peça que mandamos para o Parlamento. Só existe orçamento depois dos parlamentares discutirem e, mesmo se eu vetar algo, a palavra final é do Parlamento‘, afirmou Bolsonaro.
O presidente minimizou o bloqueio de recursos na Educação que, segundo os cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado somam R$ 3 bilhões de um contingenciamento total de R$ 10,5 bilhões no orçamento total deste ano. ‘Quando há o contingenciamento que se fala na Educação agora, eu tenho que seguir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Contingenciar é atrasar pagamentos, não é cortar verbas‘, repetiu.
Em busca de mais votos no Nordeste, Bolsonaro alegou que nunca criticou o povo nordestino e prometeu reindustrializar a região. ‘O Nordeste vai se transformar em poucos anos no maior produtor de energia limpa do mundo, com eólicas na costa. É a reindustrialização do Nordeste. A esquerda administrou Nordeste por 20 anos - se eles fossem bons isso aqui seria uma Suíça. Quiseram colar em mim que eu estava criticando o povo nordestino, mas não fui eu que fiz a pesquisa sobre a votação‘, disse o presidente.
Ao renovar as promessas de continuidade em 2023 da redução dos preços dos combustíveis e do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, Bolsonaro disse acreditar na reversão do resultado do primeiro turno.
‘Entendo que estamos revertendo votos do primeiro turno e acredito que já tenhamos o suficiente para falarmos em vitória. Temos alguns dias pela frente ainda, desfazendo fake news‘, afirmou Bolsonaro.
Lula e Amoêdo
O fundador e ex-presidente do Partido Novo, João Amoêdo foi criticado depois de anunciar que pretende votar em Lula no segundo turno. Em nota publicada no perfil oficial no Twitter, o partido Novo diz que a posição de Amoêdo é ‘incoerente e lamentável‘.
‘É absolutamente incoerente e lamentável a declaração de voto de João Amoêdo em Lula, que sempre apoiou e financiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história‘, afirma a nota do partido. ‘Seu posicionamento não representa o Partido Novo e vai contra tudo o que sempre defendemos.‘
Amoêdo afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que desistiu de anular o voto no segundo turno por considerar que o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, representa um risco ‘consideravelmente maior‘ ao País neste momento. Ele disse que Lula também não o representa, e que fará oposição a qualquer um dos dois que vença a eleição.
O ex-presidente do partido, que se candidatou à presidência em 2018, disse ainda que esperava receber críticas no Novo, embora tenha destacado que as regras internas do partido preveem a liberdade de expressão de seus membros.
‘A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020‘, prossegue a nota do Novo. ‘Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro. O Novo sempre foi e sempre será oposição ao lulopetismo e tudo que ele representa.‘
O atual presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, também se manifestou pelo Twitter. ‘Vergonhosa, constrangedora e incoerente a declaração de voto de João Amoêdo em Lula. O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu‘, escreveu ele. ‘Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João.‘
As críticas foram endossadas pelo candidato do Novo à presidência nas eleições deste ano, o cientista político Felipe D’Avila. ‘A declaração de voto de Amoedo ao Lula é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo que tantos males criou ao Brasil‘, postou ele. ‘Amoedo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais.‘
O Novo liberou seus filiados, dirigentes e mandatários para que manifestassem apoios no segundo turno da eleição. No dia 3 de outubro, afirmou que reforçava posicionamento ‘totalmente contrário ao PT, ao lulismo e a tudo que eles representam. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, manifestou apoio à reeleição de Bolsonaro. (Da redação com informações Estadão Conteúdo)
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