Relações internacionais
Defesa diz que Brennand foi solto após pagar fiança
Empresário havia sido preso em Abu Dabi e vai aguardar extradição em liberdade
A Polícia Federal (PF) brasileira em parceria com a polícia dos Emirados Árabes Unidos prendeu ontem o empresário Thiago Brennand, de 42 anos, acusado de agredir uma modelo em academia em São Paulo e investigado por diversos crimes sexuais. Ele era considerado foragido da Justiça paulista. A captura foi realizada em Abu Dabi.
À noite, a sua defesa informou que ele foi solto após pagar fiança e deve aguardar em liberdade a extradição para o Brasil. Para isso, ele se comprometeu a manter o mesmo endereço já declarado às autoridades daquele país e a comparecer às audiências judiciais quando for solicitado. O valor da fiança e detalhes sobre a soltura não foram divulgados.
A prisão preventiva de Thiago Brennand foi decretada após ele descumprir a determinação da juíza Érika Soares de Azevedo Mascarenhas, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, para entregar à Justiça seu passaporte até o último dia 23. O empresário havia deixado o País após ser denunciado por lesão corporal e corrupção de menores.
De acordo com a Polícia Federal, a prisão foi efetuada em razão do nome do empresário constar na lista da difusão vermelha da Interpol e após contatos realizados pela corporação, em especial da recém-criada adidância da PF na Jordânia, para o cumprimento da medida.
Com a prisão, o processo para sua extradição ao Brasil já foi iniciado. O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a extradição tem início com um pedido do Poder Judiciário brasileiro, sendo processado em seguida pelo Ministério. “O tempo de tramitação e julgamento do pedido de extradição pelas autoridades dos Emirados Árabes dependerá da legislação interna daquele país”, informou.
Acusações
Brennand é réu não só pelas agressões à modelo Helena Gomes em uma academia de São Paulo, mas também por corrupção de menores, já que teria instigado o filho menor de idade a proferir agressões verbais contra a mulher. Ele também é acusado de tentar intimidar uma promotora pública de São Paulo.
Ao menos dez mulheres acusam Thiago Brennand por crimes que vão de assédio sexual a estupro. Em três casos, ele teria mandado tatuar as iniciais de seu nome no corpo das mulheres. As denúncias estão sendo apuradas pelo Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência (NAVV) do Ministério Público de São Paulo e envolvem também o tatuador.
Em publicação em um canal do Youtube, na madrugada da terça-feira passada o próprio Brennand se manifestou em sua defesa. “Quem é hoje Thiago Brennand? Talvez um inimigo público, talvez um sociopata, talvez um estuprador. Será mesmo?”, disse.
Ele afirma que nunca teve qualquer antecedente criminal e não respondeu a nenhum processo. Assegura que tem provas para rebater todas as acusações e se diz perseguido. “Vocês vão pagar por tudo o que perdi aí. Estou absolutamente tranquilo. Não estou fugindo. Vocês mexeram com a pessoa errada”, disse.
O juiz Jorge Panserini, da 1ª Vara de Porto Feliz (onde Brennand mantém uma casa num condomínio de luxo), impôs ontem (14) uma nova prisão preventiva ao empresário, “como garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal”. Segundo o juiz, restou demonstrada a “periculosidade e o risco à ordem social”. (Estadão Conteúdo)