Geral
Governador de AL é afastado por suspeita de ‘rachadinha’
Paulo Dantas concorre à reeleição e lidera pesquisas no segundo turno
![O governador Paulo Dantas é investigado pela PF](https://www.jornalcruzeiro.com.br/_midias/jpg/2022/10/11/governador_de_al_e_afastado-1009120.jpg)
A ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou o afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), do cargo. Candidato à reeleição, Dantas foi alvo ontem (11) de operação da Polícia Federal que investiga suspeita de “rachadinha” na época em que o governador exercia mandato na Assembleia Legislativa do Estado -- ele foi eleito deputado estadual em 2018. A prática da “rachadinha” consiste na devolução, ao parlamentar, de parte dos salários de servidores lotados em seu gabinete.
A operação da PF e o afastamento do governador não afetam a candidatura do emedebista. Apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dantas vai disputar o segundo turno no dia 30 com Rodrigo Cunha (União Brasil) -- apadrinhado do presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, a investigação se debruça sobre “prática sistemática de desvios de recursos públicos desde 2019 no poder público do Estado”. Um dos mandados de busca contra Dantas foi executado em um hotel cinco-estrelas no Jardim Paulista, em São Paulo, onde o emedebista estava hospedado.
Na operação deflagrada ontem -- batizada de Edema --, o STJ ainda ordenou o sequestro de até R$ 54 milhões em bens de valores dos investigados, conforme informou o Ministério Público Federal. Segundo a Procuradoria, a medida atinge dezenas de imóveis. Além disso, por ordem judicial, os investigados estão impedidos de manter contato entre si e de frequentar órgãos públicos envolvidos na apuração que envolve crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
A decisão que abriu a ofensiva foi assinada na quarta-feira passada, e os mandados foram expedidos por Laurita Vaz no sábado. O Ministério Público Federal se manifestou sobre as medidas requeridas pela PF no dia 8 de setembro -- a três semanas do primeiro turno das eleições.
Em despacho assinado na manhã de ontem, a ministra do STJ manteve o sigilo dos autos, indicando que a decisão que autorizou as medidas cautelares será submetida a referendo da Corte Especial -- colegiado formado por 15 ministros do tribunal que julga autoridades com foro por prerrogativa de função.
“Encenação”
Dantas foi eleito deputado estadual em 2018. Foi alçado ao governo de Alagoas em maio deste ano -- com apoio do senador Renan Calheiros (MDB-AL) --, após o então governador, Renan Filho (MDB), deixar o cargo para concorrer a uma vaga no Senado.
Em nota, o governador agora afastado classificou a operação como “encenação” e “fake news travestida de oficialidade”. Dantas disse que uma ala da PF foi “aparelhada para atender interesses político-eleitorais”. “O recurso judicial será firme”, declarou.
O governador passou para o segundo turno como o candidato mais votado e segue líder nas pesquisas de intenção de voto. A campanha vê a operação como uma “tentativa de golpe” para favorecer a candidatura do adversário, Rodrigo Cunha, aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). (Estadão Conteúdo)