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Queimadas na Amazônia voltam a sujar o céu da capital paulista
Fumaça está sendo transportada pela circulação dos ventos e se espalhando até para Argentina e Uruguai
As queimadas na Amazônia mudaram a cor do céu em São Paulo, principalmente nas zonas norte, sul e leste, que amanheceram ontem com um nevoeiro cinza e cheiro de queimado no ar. Em cenário semelhante, queimadas e incêndios florestais no Pantanal deixaram o céu de algumas regiões do Estado de São Paulo, incluindo a capital paulista, com uma cor alaranjada entre 19 e 20 de setembro de 2020. Uma corrente de vento trouxe a fumaça de Mato Grosso e de países como Bolívia e Paraguai.
"Agora é fumaça de queimada que está sendo produzida lá na Região Amazônica e aí está sendo transportada pela circulação dos ventos e espalhando essa fumaça não só pela região Centro-Oeste, mas também para Argentina e Uruguai, causando um odor um pouco mais esquisito que as pessoas estão sentindo hoje no ar", disse a Climatempo. Em 2020, especialistas alertaram que com o ar seco e o tempo frio, que volta no fim de semana, a fuligem no ar se torna um risco especialmente preocupante para bebês, gestantes, idosos, fumantes e pessoas com doenças respiratórias crônicas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, divulgados no início do mês, a Amazônia teve 33.116 focos de incêndio em agosto. O número é o maior registrado no mês nos últimos 12 anos (45.018) e mais do que o quádruplo do registro para o período em 2011 (8.002), o menor da média histórica, calculada a partir de 1998. O registro também está acima da média histórica para agosto, de 26.299 focos de queimadas.
Conforme a empresa de meteorologia, o cenário provocado pelas queimadas pode ser visto em imagens da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa). "Se olhar na imagem de satélite da Nasa, dá para a gente ver essas toneladas esbranquiçadas, meio amareladas, na região mais central do Brasil, pegando do sul da Amazônia em direção à Região Sul do Brasil", acrescentou a Climatempo.
Recorde
"Mais uma vez, a Amazônia bateu recorde de desmatamento no mês de agosto, com 80% mais do que em agosto de 2021. É preciso um comprometimento verdadeiro do Estado, sociedade e setor empresarial brasileiros para interromper esse ciclo perverso de exploração. Estamos queimando os recursos naturais deste País com um apetite voraz que nos aproxima muito rapidamente do ponto de não retorno da floresta, aproximando-nos também de um futuro ambiental de secas mais prolongadas também no Sudeste do País", disse André Guimarães, membro da Coalizão Brasil e diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
"Várias cidades amanheceram cobertas por uma fumaça densa, resultado da fuligem das queimadas que castigam o bioma. Em um contexto em que mais de 50% do desmatamento e queimadas na Amazônia ocorrem em florestas publicas, é imperativo que o Estado brasileiro reassuma suas responsabilidades com o cuidado do patrimônio de todos nós. Até quando vamos ignorar esse pedido de socorro, quando o quadro de seca, doenças novas decorrentes do desmatamento e solos improdutivos transformarem o meio ambiente deste País?", indagou.
Outras fontes
Questionada, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) afirmou que, além das queimadas, fontes de emissão usuais de poluentes da cidade também influenciam nos níveis de poluição. "Diante dos dados, não é possível inferir qual parcela dos níveis observados seria causada por uma eventual contribuição dessa pluma e qual está associada às fontes de emissão usuais (de poluentes) da cidade, como veículos e indústrias, entre outros", acrescentou.
(Estadão Conteúdo)