Economia
Novo presidente da Petrobras avança a troca de nomes na diretoria da estatal
Pouco mais de dois meses após assumir a presidência da Petrobras, Caio Paes de Andrade dá os primeiros passos para trocar diretores da estatal
Pouco mais de dois meses após assumir a presidência da Petrobras, Caio Paes de Andrade dá os primeiros passos para trocar diretores da estatal. A primeira mudança, definida ainda na semana passada e comunicada ontem ao mercado, ocorre na diretoria de Transformação Digital e Inovação: sai Juliano de Carvalho Dantas e entra Paulo Palaia, ex-diretor da Gol. O executivo é próximo de Paes de Andrade e tem currículo robusto na área, o que blindaria a indicação. A tendência é de que esta seja a primeira de uma série de trocas na diretoria.
Para ser efetivado, o nome de Palaia deve ser ratificado pelo Comitê de Pessoas (Cope) e pelo conselho de administração, o que não deve representar resistência. Ambas as instâncias estão mais alinhadas ao Planalto desde as trocas dos representantes da União no conselho, no dia 19.
O Cope está prestes a ser ocupado somente por conselheiros indicados pela União, sem representantes minoritários, o que facilitaria um avanço mais rápido de indicações.
O nome de Palaia circulava havia meses em Brasília para um alto cargo na Petrobras, mas, assim como outras trocas pretendidas, não prosperava devido à resistência a qualquer ingerência do governo pelas estruturas internas de governança da estatal e do antigo conselho de administração. Os bastidores dão conta de que o governo planeja trocas em pelo menos três de oito diretorias.
Ainda em junho, Bolsonaro disse, em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, que "obviamente" Paes de Andrade trocaria seus diretores. "Eu não posso ser eleito presidente, tomar posse e não trocar os ministros", disse em analogia. Em seguida, disse que novos diretores dariam uma outra dinâmica à empresa em relação à política de preços de paridade de importação (PPI). Hoje, com quatro reduções na gasolina e duas no diesel em apenas um mês e meio, circula a tese de que mudar a estratégia de preços da companhia para induzir a queda nos preços talvez não seja mais necessária. Por ora, a missão de Paes de Andrade é facilitada pelo recuo nas cotações internacionais do barril de petróleo e mesmo dos combustíveis.
Antes da conjuntura favorável, fontes da estatal falavam em trocas nas diretorias de tecnologia, em curso, mas também na diretoria de Relações Institucionais, hoje comandado por Rafael Chaves, economista do Banco Central, e na área financeira e de relacionamento com investidores, hoje comandada pelo contador Rodrigo Araújo. Este último goza da confiança do corpo de acionistas em função dos bons desempenhos financeiros recentes da estatal, com aumento do lucro líquido, enxugamento da dívida e distribuição de dividendos recordes.
Entre as diretorias da Petrobras que estariam na mira do Planalto, só a de cunho financeiro tem ingerência na formação de preços. As demais - tecnologia e relações institucionais - não participam dessa decisão, o que deixa um ponto de interrogação para interlocutores na empresa. Uma das teses discutidas é o peso dessas áreas, que comandam, respectivamente, as verbas de inovação e comunicação da estatal. (Estadão Conteúdo)