Política
Em quase 4 anos, Câmara dos Deputados reembolsou R$ 21 mi de despesas médicas aos parlamentares
Dos 513 deputados federais, 337 solicitaram restituição
Os deputados realizam esse gasto mesmo dispondo de um plano de saúde particular pago pela Câmara. Além disso, eles ainda recebem, anualmente, até R$ 535.589,52 de Cota para o Exercício da Atividade, R$ 1.340.107,08 de Verba de Gabinete e, mensalmente, R$ 33.763,00 de salário.
De 2019 a julho deste ano, a Câmara dos Deputados reembolsou R$ 21.632.158,26 aos deputados federais que optaram por serviços de saúde particulares, mesmo tendo um plano de saúde disponibilizado pelo Poder Legislativo, pago com o dinheiro dos contribuintes. As informações fazem parte de levantamento do Ranking dos Políticos, site que classifica os melhores e piores parlamentares de acordo com os seus trabalhos realizados no Congresso Federal: presenças nas sessões, economia de verbas, processos judiciais e votações nas decisões mais importantes da casa legislativa.
Obtidos com exclusividade, os dados Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Câmara apontam que as despesas médico-hospitalares dos deputados são realizadas na forma de restituição, em conformidade com o Ato da Mesa nº 89/2013. Os pedidos de reembolsos são de até R$135.400,00 ao longo do mandato, bastando para isso que o segundo vice-presidente da casa aprove. Os gastos podem, ainda, serem maiores ficando a critério da aprovação da Mesa diretora. A quantia é equivalente ao valor diário para manter cerca de 50 leitos na UTI e quase equivalente à instalação de um leito (R$ 180 mil). O preço limite do reembolso se refere a cada despesa médica justificada, mas o número de despesas que podem ser solicitadas é ilimitado.
Ainda de acordo com o Ato da Mesa, entende-se como despesas reembolsáveis: atendimento ambulatorial ou hospitalar, incluindo quimioterapia e radioterapia; exames complementares de diagnóstico; assistência domiciliar; assistência prestada por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais; remoção para outro centro clínico, quando caracterizada a emergência ou a urgência e a inexistência de condições técnicas locais, mediante relatório circunstanciado, indicando os motivos clínicos da transferência e o tipo de remoção necessária; órteses e próteses; assistência odontológica.
Plano rejeitado
O plano de saúde oferecido pela Câmara dos Deputados, que muitas das vezes não é utilizado pelos parlamentares, é financiado com dinheiro do contribuinte e pode ser estendido aos seus dependentes (familiares e tutelados). Vale lembrar que, além desse benefício e do reembolso, os deputados ainda recebem, anualmente, até R$ 535.589,52 de Cota para alugueis de veículos e imóveis, combustíveis e viagens. O valor depende da unidade da federação que o deputado representa. E mais R$ 1.340.107,08 de Verba de Gabinete. Fora o salário de R$ 33.763,00, pago todo o mês.
Na opinião do diretor-geral do Ranking dos Políticos, Gláucio Dias, é inadequado o gasto extra com reembolsos porque os deputados já possuem diversos benefícios disponibilizados pela Câmara, além de um plano de saúde particular. “Não há necessidade dessa despesa, na qual é feita sem nenhum critério claro. Também não é adequado que haja uma liberdade por parte de um membro da Mesa Diretora em aprovar ou não os gastos. O correto é ter uma regra clara do que pode e do que não pode. Apesar, que o ideal seria nem existir esse tipo de auxílio, pois, enquanto os parlamentares usufruem, diversos cidadãos brasileiros, sem condições de pagar um convênio, estão morrendo na fila por exames e procedimentos cirúrgicos”, afirmou.
Os 5 mais gastões
Dos 513 deputados federais, 337 solicitaram restituição. Sendo que desses, o Ranking dos Políticos selecionou os cinco que mais gastaram com reembolso saúde de 2019 a 2021.
Em primeiro lugar está a deputada do estado de Alagoas Tereza Nelma da Silva Porto (PSD), reembolsada em R$ 2.028.789,78. Já o deputado da Paraíba Damião Feliciano (União) ficou em segundo, ressarcido em R$ 1.460.907,12. O deputado de Tocantins Célio Moura (PT), reembolsado em R$ 875.88,66, ficou em terceiro lugar. Em quarto lugar, está o deputado do Pará Nilson Pinto, ressarcido em R$ 735.412,68. Por fim, em quinto lugar está o deputado de Roraima Haroldo Cathedral (PSD) que recebeu R$ 660.070,72 de reembolso. (Divulgação/Câmara dos Deputados)