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Doença

Brasil confirma a primeira morte por varíola dos macacos

Mineiro de 41 anos, com comorbidades, foi a primeira vítima fatal fora da África; Espanha registrou a segunda

29 de Julho de 2022 às 12:27
Cruzeiro do Sul [email protected]
Esta imagem de microscópio eletrônico mostra partículas do vírus da varíola dos macacos coletadas de uma amostra de pele humana durante o surto de 2003. À esquerda estão partículas de vírus maduras e ovais; à direita há vírus imaturos esféricos e arqueados
Brasil confirma a primeira morte por varíola dos mac (Crédito: CYNTHIA S. GOLDSMITH CDC (272110), SCIENCE SOURCE (271952))

Matéria atualizada às 22h07 desta sexta (29)

 

O Ministério da Saúde divulgou nesta sexta-feira (29) a primeira morte provocada pela varíola dos macacos no País. Trata-se de um paciente do sexo masculino de 41 anos, com imunidade baixa e comorbidades, como câncer. Ele morreu na quinta-feira (28). É o primeiro óbito do atual surto da doença registrado fora do continente africano -- a Espanha confirmou uma morte nesta sexta-feira (29), também, após o caso brasileiro.

A vítima estava hospitalizada em uma unidade pública de Belo Horizonte, tendo sido levada ao centro de terapia intensiva do local. “A causa de óbito foi choque séptico (infecção generalizada), agravado pela monkeypox”, detalha em nota a pasta federal. Os outros casos confirmados no Estado -- homens entre 22 e 48 anos -- estão “em boas condições clínicas”, assegura a Secretaria da Saúde de Minas.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as mortes pela doença foram registradas na Nigéria, com três vítimas, e na República Centro-Africana, com duas. Na quinta-feira (28), segundo balanço do ministério, o Brasil acumulava 1.066 casos confirmados da doença. Os Estados com maior número de notificações eram São Paulo (823), Rio de Janeiro (124) e Minas Gerais (44).

Para especialistas, o avanço da doença reforça a importância de serem redobrados os cuidados com imunossuprimidos, crianças, grávidas e idosos, grupos mais vulneráveis ao agravamento dos quadros. Medidas de higiene como lavar as mãos e evitar o compartilhamento de objetos ajudam a prevenir o contágio.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), casos graves anteriormente ocorreram mais entre crianças, jovens adultos e indivíduos imunocomprometidos, e estiveram relacionados à extensão da exposição ao vírus, estado de saúde do paciente e natureza das complicações. A monkeypox é geralmente uma “doença autolimitada”, com sintomas que duram de duas a quatro semanas.

A taxa de letalidade, de acordo com o órgão de saúde internacional, variou historicamente de zero a 11%. “Nos últimos tempos, a taxa de mortalidade de casos foi de cerca de 3% a 6%”, pontua. Na terça-feira passada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, informou que mais de 18 mil casos e cinco mortes haviam sido notificados à organização.

No sábado passado, a OMS decretou que a doença é uma emergência de saúde pública, de caráter global. A entidade levou em consideração o cenário “extraordinário” da doença, que já chegou a mais de 70 países.

Grupo de risco

Especialistas e gestores em saúde reforçam que o ministério ainda precisa ampliar sua capacidade de testagem, desenvolver campanhas públicas de conscientização com sentido de urgência e impulsionar as negociações para aquisição de vacinas.

Em coletiva de imprensa, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou que homens que fazem sexo com homens representam mais de 95% dos casos confirmados no mundo. “Isso é um dado epidemiológico, não é estigmatização. Eles estão em maior risco, por isso o nosso cuidado a qualquer forma de discriminação.” E completou: “Estamos entrando em contato com a sociedade civil para entender como podemos comunicar melhor para esse grupo as medidas de prevenção e controle.”

Hoje, apenas quatro laboratórios em São Paulo, no Rio e em Minas estão habilitados para a confirmação de diagnóstico da monkeypox. Medeiros disse que há previsão de expandir esse quantitativo para as 27 unidades federativas, mas não deu um prazo para quando isso deve acontecer. 

São Paulo confirma casos em crianças

A Prefeitura de São Paulo confirmou o registro até o momento de três casos de varíola dos macacos (monkeypox) em crianças no município. São as primeiras notificações no público infantil. Conforme informou a Secretaria Municipal da Saúde, todas estão em monitoramento, sem sinais de agravamento.

De acordo com o município, com a nova realidade internacional, “busca-se aumentar a coordenação entre os países e reforçar os mecanismos de busca ativa, com o objetivo de implementar medidas que ajudem a conter a circulação do vírus”, diz em nota.

Desde os primeiros alertas da OMS para a doença, a secretaria afirma que instituiu protocolos para toda a rede pública e privada para o atendimento dos casos suspeitos. O órgão mantém operação de atendimento, diagnóstico e monitoramento.

Segundo a pasta, a rede pública conta com insumos para coleta de amostras das lesões cutâneas (secreção ou partes da ferida seca) para análise laboratorial. 

Governo abre centro de monitoramento

Diante do aumento de casos de varíola dos macacos no País, começou a funcionar nesta sexta-feira (29) o Centro de Operação de Emergências (COE) criado pelo Ministério da Saúde. O principal objetivo da iniciativa é acompanhar a situação epidemiológica e elaborar um plano de vacinação contra a doença no país.

Foram convidados a participar do colegiado membros do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e representantes de outras secretarias do Ministério da Saúde, além da própria Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).

“Mesmo quando não havia nenhum caso no Brasil, o Ministério da Saúde estabeleceu um fluxo de vigilância ativa para o país. Foi definido o que seria um caso suspeito, um caso confirmado e um caso descartado. Também foi imediatamente determinado um fluxo para o diagnóstico e testagem”, destacou a pasta. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

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