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PF investiga fraudes em licitações da Codevasf

Esquema desviava e lavava recursos oriundos da estatal

21 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Foram apreendidos relógios, joias, e bolsas de grife.
Foram apreendidos relógios, joias, e bolsas de grife. (Crédito: DIVULGAÇÃO / POLÍCIA FEDERAL)

 

A Polícia Federal do Maranhão deflagrou ontem (20) a Operação Odoacro, que investiga suspeitas de fraudes em licitações da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Os investigadores apontaram a existência de uma “associação criminosa estruturada” que praticava fraudes, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo verbas da estatal, que é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

O alvo principal da ofensiva da PF foi a empresa Construservice, empreiteira que firmou contratos com a Codevasf. O empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como “Imperador” e suspeito de comandar o esquema, foi preso temporariamente. A operação vasculhou 16 endereços nas cidades de São Luís, Dom Pedro, Codó, Santo Antônio dos Lopes e Barreirinhas. Cerca de 80 policiais participaram das diligências, ordenadas pela 1ª Vara Federal de São Luís. Foram apreendidos valores em dinheiro, joias e relógios.

De acordo com a PF, o esquema envolveria a constituição de empresas de fachada, pertencentes formalmente a “laranjas”. O objetivo, segundo as investigações, era que essas empresas competissem entre si “com o fim de sempre se sagrar vencedora das licitações a empresa principal do grupo, a qual possui vultosos contratos com a Codevasf”.

“O líder desse grupo criminoso, além de colocar as suas empresas e bens em nome de terceiros, ainda possui contas bancárias vinculadas a CPFs falsos, utilizando-se desse instrumento para perpetrar fraudes e dificultar a atuação dos órgãos de controle”, disse a corporação, em nota.

Em maio, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que a Construservice, vice-líder em licitações da Codevasf, utilizou “laranjas” para participar de concorrências públicas. Conforme a reportagem, desde 2019, o governo reservou para a construtora maranhense, que tem sede no município de Codó, R$ 140 milhões. Preso ontem, o empresário Eduardo José Barros Costa é apontado como sócio oculto da empreiteira. Ontem, a PF disse ter identificado “engenhoso esquema de lavagem de dinheiro, perpetrado a partir do desvio do dinheiro público proveniente de procedimentos licitatórios fraudados”.

A Codevasf, estatal controlada pelo Centrão, conseguiu um orçamento recorde de R$ 2,1 bilhões, composto principalmente por emendas. Foi por meio da empresa pública que recursos do orçamento secreto foram usados para comprar equipamentos agrícolas e tratores com sobrepreço. O governo também expandiu o raio de atuação da empresa, e incluiu mil novos municípios, muitos deles localizados a mais de 1.500 quilômetros das águas do São Francisco. (Estadão Conteúdo)