O clima ameno contribuiu para o carnaval fora de época que reuniu ontem centenas de pessoas fantasiadas pelas ruas de Perdizes, na zona oeste de São Paulo. Embora a prefeitura tenha desistido da folia julina após não conseguir patrocinadores para o evento, parte dos blocos decidiu ir às ruas mesmo assim.

Criado há 15 anos, o Bloco Saia de Chita convocou foliões para a praça Rio dos Campos no meio da tarde. Os termômetros, que marcavam cerca de 27ºC, contribuíram para a animação do público. Moradora do Morumbi, na zona sul paulistana, a advogada Clicia Calmon, de 44 anos, foi de carro com a cachorra, Amora, para aproveitar a folia.

“A gente lê e escuta tanta coisa ruim que é bom se dar esse momento de relaxamento”, disse ela, que usava um colar de havaiano.

No repertório tocado pela banda do bloco, estavam desde releituras de “Andar com Fé”, de Gilberto Gil, a músicas como “Saudade D’Ocê”, composta por Val Freitas e eternizada em vozes como a de Zeca Baleiro. Nas redes sociais, a organização do bloco disse que já estava ensaiando o cortejo, de nome “Arraiá do Saia”, e foi pego de surpresa com o cancelamento do carnaval pela Prefeitura.

“Não contar com esse apoio do poder público nos impacta, pois fizemos o desfile de abril (no feriado de Tiradentes, na mesma época em que houve o desfile das escolas de samba) já sem apoio”, escreveu a organização do bloco em publicação nas redes.

Tamanho reduzido

Ainda assim, o Saia de Chita manteve a folia para este sábado. Mas, segundo a organização, com tamanho reduzido. Dezenas de vendedores ambulantes se organizaram em volta da praça.

Moradora do bairro Vila Anglo, a designer Ana Luiza Vilela, de 50 anos, conta ter descoberto que haveria carnaval na praça quando foi à feira em uma rua próxima. “Eu nem sabia que ia ter nada, só vi uma movimentação. Mas achei até que seria uma festa junina”, disse ela.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo destacou as tentativas, sem sucesso, de viabilizar patrocínio privado para o evento. Informou ainda manter de mil a três mil pessoas na limpeza pública, “podendo ampliar os serviços” com novas equipes de plantão e disse que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) tem monitorado o trânsito para eventuais desvios.

A Polícia Militar afirmou que não planejou policiamento, pois o evento havia sido cancelado. Disse ainda que a interdição de vias, sem a infraestrutura do município, confronta as leis e está sujeita a multas. (Estadão Conteúdo e Redação)