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Lula defende legalização do aborto e governistas reagem
Aliados de Bolsonaro também respondem à convocação de sindicalistas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a legalização do aborto na terça-feira (5), durante debate promovido pela Fundação Perseu Abramo e a pela entidade alemã Fundação Friedrich Ebert, em São Paulo. Para o petista, o aborto deveria ser uma “questão de saúde pública”, já que escancara as desigualdades sociais da sociedade brasileira.
Sem citar diretamente o presidente Jair Bolsonaro, Lula classificou a pauta da família e dos valores pregados pelo governo atual como “muito atrasadas”.
Governistas e evangélicos reagiram às declarações. Ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF) disse que a “pauta do ex-presidente sempre foi a cultura da morte”. “Observem que ele hoje está defendendo o aborto, e amanhã ele com certeza defenderá a eutanásia e depois a eugenia”, disse em sua rede social.
Os deputados federais Marco Feliciano (PL-SP) e Guiga Peixoto (PSC-SP) e o deputado estadual Bruno Engler (MG-PRTB) também criticaram o petista. “Acredito que pela primeira vez vi o Lula de quem sempre falei! Lula para maiores! Apoiando o aborto e convocando os seus para intimidarem parlamentares contrários ao seu comunismo! O ex-rei ficou nu!”, escreveu Feliciano nas redes.
Lula disse que a proibição do aborto afeta principalmente as mulheres pobres, o que enfatiza a questão de desigualdade social no País. “A mulher pobre fica cutucando o seu útero com uma agulha de crochê, tomando chá de qualquer coisa. Enquanto isso, a madame pode fazer um aborto em Paris, ela pode ir para Berlim, encontrar uma boa clínica e fazer um aborto. Aqui no Brasil, ela não faz porque é proibido”, disse.
Arma na mão
O PT entrou com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra Junio Amaral (PL-MG), após o deputado divulgar vídeo empunhando um arma e dizer que aguardava a “turma” do ex-presidente Lula chegar em sua casa. “Serão muito bem-vindos”, afirmou ele, enquanto carregava uma arma de fogo com munição.
O vídeo de Amaral foi em resposta a uma declaração que Lula fez durante evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na segunda-feira (4). O petista defendeu que os sindicalistas mapeiem o endereço dos parlamentares e se dirijam a essas residências para “incomodar a tranquilidade” dos políticos, pressionando-os com as demandas sindicais. “Eu acho que surte muito mais efeito”, afirmou o petista. (Estadão Conteúdo)