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Eleições

Líderes do União Brasil ameaçam desfiliar Sergio Moro

Reação veio depois de ex-juiz ter dito que não desistiu "de nada"

02 de Abril de 2022 às 00:28
Cruzeiro do Sul [email protected]
Moro deixou em aberto sua candidatura à presidência
Moro deixou em aberto sua candidatura à presidência (Crédito: EDUARDO MATYSIAK / AFP (2/12/2021))

Um dia depois de divulgar nota na qual anunciava que abriria mão “neste momento” de sua pré-candidatura à Presidência e se filiaria ao União Brasil, o ex-juiz Sérgio Moro afirmou nesta sexta-feira (1º), em um pronunciamento à imprensa, que não desistiu “de nada”, mas que não pretende concorrer a deputado federal, como vinha sendo cogitado. A declaração provocou imediata reação da ala oriunda do DEM no União Brasil. O secretário-geral do partido, ACM Neto, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, disseram que vão pedir a desfiliação do ex-juiz caso ele não desista de ser candidato a presidente.

“Eu não desisti de nada, muito pelo contrário, muito menos do meu sonho de mudar o Brasil”, afirmou Moro à imprensa, em um hotel em São Paulo. “Não tenho ambição por cargos. Se tivesse, teria permanecido juiz federal ou ministro da Justiça. Não tenho necessidade de foro ou outros privilégios que sempre repudiei e defendo a extinção. Aliás, não serei candidato a deputado federal”, afirmou. Questionado sobre se pretende disputar algum cargo eletivo, Moro encerrou o pronunciamento sem responder as perguntas.

Menos de uma hora depois, ACM Neto declarou que o pedido de desfiliação de Moro seria apresentado ainda ontem. “Será assinado pelos oito membros com direito a voto no partido, o que corresponde a 49% do colegiado. A filiação, uma vez impugnada, requer 60% para ter validade”, disse.

Moro se filiou ao Podemos em novembro do ano passado para ser candidato ao Palácio do Planalto, mas enfrentou dificuldades dentro e fora do partido. Anteontem, filiou-se ao União Brasil, partido que é resultado da fusão do DEM com o PSL. A filiação de Moro foi negociada com a ala oriunda do PSL, como o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, e o deputado Júnior Bozzella - que está à frente da sigla em São Paulo.

O ex-juiz mudou o domicílio eleitoral do Paraná para São Paulo e poderia ser candidato a deputado federal.

No entanto, a ala do partido que era do DEM só aceitou a filiação de Moro com a condição de que ele deixasse de ser presidenciável. A avaliação é que ter o ex-ministro como candidato ao Planalto atrapalharia a eleição para governadores, senadores e deputados. Caiado, em Goiás, e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, na Bahia, são pré-candidatos a governador e querem deixar o palanque presidencial aberto. Eles temem que a vinculação com Moro prejudique suas futuras candidaturas.

Na Bahia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem muita força. Além disso, Neto tem uma aliança fechada com o PDT, de Ciro Gomes, presidenciável crítico de Moro. Goiás é um Estado ruralista onde o bolsonarismo é muito presente.

Destino

Se o desligamento de Moro do União Brasil for confirmado, o ex-juiz tem até hoje para se filiar a uma nova legenda, se quiser ser candidato a um cargo eletivo neste ano. Pelas regras eleitorais, para ser candidato o político precisa ser filiado a uma sigla pelo menos a seis meses do primeiro turno, que este ano será no dia 2 de outubro. (Conteúdo Estadão)