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Guerra na Ucrânia

Ucrânia confirma abrir negociação com Moscou na fronteira com Belarus

Anúncio ocorreu neste domingo após mediação do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko

27 de Fevereiro de 2022 às 11:18
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 A presidência da Ucrânia informou neste domingo que concordou em conversar com a Rússia.
A presidência da Ucrânia informou neste domingo que concordou em conversar com a Rússia. (Crédito: AFP)

A presidência da Ucrânia informou neste domingo (27) que concordou em conversar com a Rússia e que as discussões ocorrerão na fronteira com Belarus, perto de Chernobyl, uma decisão após mediação do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko.

"A delegação ucraniana se reunirá com a (delegação) russa sem estabelecer condições prévias na fronteira ucraniana-bielorrussa, na região do rio Pripyat", disse a presidência nas redes sociais.

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, disse ainda que concordou em enviar uma delegação ucraniana para se reunir com uma delegação russa em Belarus, informou o gabinete presidencial em nota.

Segundo o gabinete, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ligou para Zelensky para fazer o pedido. O governo ucraniano destacou que o encontro foi aceito sem "precondições" e que será realizado na fronteira entre Belarus e Ucrânia (sul de Belarus).

Segundo o gabinete de Zelensky, Lukashenko assumiu a responsabilidade de garantir que todos os aviões, helicópteros e mísseis em território belarusso "permaneçam no solo" durante a viagem, as conversas e o retorno da delegação ucraniana.

Mais cedo, o Kremlin informou que uma comitiva de autoridades russas desembarcou durante a manhã (madrugada em Brasília) na cidade de Gomel, em Belarus, para iniciar negociações com autoridades ucranianas.

O gesto é o mais concreto de diplomacia partindo de Moscou desde o início da invasão da Ucrânia. Kiev se disse disposta a negociar, mas negou que as conversas vão ocorrer no país ao norte, usado pela Rússia como base em sua ofensiva militar.

Uma delegação de representantes dos "ministérios das Relações Exteriores, da Defesa e de outras pastas, incluindo a administração presidencial, chegou a Belarus para negociações com os ucranianos", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov. "A delegação russa está pronta para as negociações e agora estamos esperando os ucranianos", acrescentou.

Negociação em local neutro

Logo após o anúncio do Kremlin, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que também está pronto para negociar com a Rússia, mas negou que o encontro vá ocorrer em Belarus. Segundo Zelenski, as conversas precisam ocorrer em um país neutro.

"Queremos a paz, queremos nos encontrar, queremos o fim da guerra", disse Zelenski em um discurso em vídeo. "Varsóvia, Bratislava, Budapeste, Istambul, Baku - propusemos tudo isso ao lado russo. Qualquer outra cidade funcionaria para nós também, em um país de cujo território os foguetes não estão sendo disparados."

O esforço diplomático deve começar um dia após os aliados ocidentais anunciarem uma nova rodada de sanções econômicas contra a Rússia, incluindo o bloqueio alguns bancos russos do sistema de pagamentos global Swift, e no mesmo dia em que tropas russas conquistaram avanços relevantes em solo ucraniano.

O presidente russo, Vladimir Putin, saudou o "heroísmo" dos militares deslocados para a Ucrânia, que na madrugada deste domingo chegaram a Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e cercaram posições estratégicas no sul do país.

Pressão militar

Também neste domingo, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que colocará em alerta a "força de dissuasão" do Exército russo, que pode incluir um componente nuclear, no quarto dia da invasão da Ucrânia por Moscou.

"Ordeno ao ministro da Defesa e ao chefe do Estado-Maior que coloquem as forças de dissuasão do Exército russo em alerta especial de combate", disse Putin em uma reunião com os líderes militares russos. (AFP e Estadão Conteúdo)