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Busca por corpos prossegue em Petrópolis
Bombeiros e voluntários trabalham na cidade destruída. Chuva atrapalha e há risco de novos deslizamentos

O número de pessoas desaparecidas em Petrópolis era de 213 e o de mortos chegou a 140 ontem -- dos quais 97 haviam sido identificadas até a tarde de ontem. Outras 24 pessoas foram resgatadas deste o início da operação. Bombeiros enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais, por causa dos escombros e do risco de novos desabamentos.
Funcionários da prefeitura e moradores trabalham com tratores, escavadeiras, pás e até com as próprias mãos para remover entulhos, desobstruir ruas e tentar dar algum ar de normalidade à cidade serrana. Pelo menos 930 pessoas estão desabrigadas.
“Ainda tem muita gente desaparecida”, constata o capitão licenciado do Corpo de Bombeiros Leonardo Farah, que trabalhou nas tragédias de Mariana e Brumadinho e, agora, está voluntariamente em Petrópolis.
No primeiro dia após o temporal, Farah conseguiu resgatar duas pessoas com vida dos escombros, uma mulher de 46 e uma criança de 11 anos. Conforme os dias vão passando, no entanto, as chances de ainda encontrar alguém com vida são reduzidas.
As equipes de monitoramento permanecem enviando alertas à população e acompanhando as condições do clima. Até ontem, Petrópolis sofria com a chuva que ainda torna o tempo instável e preocupante. O solo encharcado e o retorno da chuva representam riscos de novos deslizamentos.
O Corpo de Bombeiros RJ informou que, por meio da Liga Nacional de Bombeiros (Ligabom), as operações contam com apoio de 79 militares e 36 cães farejadores de corporações de outros Estados.
Voluntários
Centenas de voluntários auto-organizados trabalham para atender as vítimas. Famílias angustiadas choram por seus entes queridos perdidos sob os escombros e restos de carros destruídos pelas enchentes continuam espalhados pela cidade.
Muitos moradores, como o advogado Daniel Vasconcellos, responderam à emergência criando organizações de caridade, semelhantes às operações logísticas de tempos de guerra. Vasconcellos e seu sócio Bernardo da Silva Oliveira transformaram o escritório no bairro Chácara Flora em um centro de ajuda em massa.
No Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, cerca de 80 casas foram soterradas pelo deslizamento. “Pode ser que ainda tenha mais de 50 pessoas aqui embaixo”, disse Roberto Amaral, coordenador do grupo especializado em desastres naturais do Corpo de Bombeiros Civis.
Especialistas afirmam que a tragédia é consequência de uma combinação de fatores, entre eles uma chuva em seis horas maior que a média histórica de todo mês de fevereiro, a topografia da região e a existência de grandes bairros com casas precárias, muitas delas construídas de forma ilegal, em áreas de risco íngremes.
O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB), disse que a cidade tem como principal prioridade o resgate das vítimas, mas ressaltou a importância de desobstruir as vias para facilitar o trabalho de equipes e veículos, já contando com as obras de reconstrução da cidade.
O centro histórico da chamada “cidade imperial”, destino de veraneio da monarquia e de presidentes da República, foi coberto de lama. Prédios históricos foram danificados parcialmente. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que realiza vistorias. (Estadão Conteúdo, Agência Brasil, AFP e Redação)