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Temporal mata ao menos 94 em Petrópolis
Chuva descomunal provoca deslizamentos e praticamente destrói histórica cidade serrana no Rio

A quantidade de chuva que caiu em Petrópolis na terça-feira (16) foi a maior registrada na cidade em 24 horas em 90 anos, ou seja, desde o início das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Somada a uma ação ainda insuficiente em áreas de risco, como dizem especialistas e autoridades, a tempestade causou a morte de pelo menos 94 pessoas -- sendo oito crianças. Outras 24 pessoas foram resgatadas com vida, mas ainda há buscas na região e alerta climatológico.
Conforme dados municipais, 377 pessoas estão desabrigadas. Pontos do centro continuam bloqueados e as aulas da rede pública estão suspensas. A prefeitura orienta que os moradores evitem sair de casa.
No local conhecido como Morro da Oficina, no Alto da Serra, a Defesa Civil estima que 80 casas tenham sido afetadas. Em outras regiões, também há registros de ocorrências -- foram 229 até a noite de ontem, das quais 189 por deslizamentos. “Orientamos a população que, ao sinal de qualquer instabilidade nas áreas em que residem, nos acionem”, destacou o secretário de Defesa Civil, Gil Kempers.
Choveu na cidade fluminense 259,8 milímetros em 24 horas, superando o recorde anterior de 168,2 milímetros, registrado em 20 de agosto de 1952. A chuva, que em quatro horas superou o esperado para todo o mês de fevereiro, ainda causou dezenas de deslizamentos e danos diversos.
O governador do Rio, Claudio Castro, esteve no Morro da Oficina, o local onde houve mais deslizamentos e vítimas, onde estão concentrados os esforços de resgate. Ele descreveu o cenário como uma “situação quase que de guerra”. O secretário de Estado de Defesa Civil, coronel Leandro Monteiro, acredita que no local ainda existam vítimas soterradas.
Castro afirmou que houve um grande investimento na Região Serrana do Rio, na área de contenção de encostas, nos últimos anos, mas admitiu que ainda não é o suficiente para evitar tragédias como a de anteontem. “O que a gente tem de entender é que existe uma dívida histórica e também o caráter excepcional dessa chuva, a maior desde 1932. Existe o déficit e que sirva de lição para a gente agir de forma diferente.”
O governador ainda destacou que o sistema de vigilância local ajudou a alertar os moradores da região, caso contrário a tragédia teria sido ainda pior. “A questão das sirenes funcionou muito bem. A Defesa Civil conseguiu salvar muitas vidas”, disse.
Quando a intensidade é superior a 50 mm, a chuva já é considerada violenta. O índice pluviométrico significa que, se tivéssemos uma caixa com 1 metro quadrado, cada milímetro de chuva equivale a um litro de água despejado nessa caixa. Então, 50 mm é o equivalente a 50 litros de água acumulada em 1 metro quadrado. (Estadão Conteúdo)