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Manifestações pedem justiça à morte de Moïse
Manifestantes se reuniram em diferentes capitais brasileiras em atos que pediram justiça para o caso do assassinato do refugiado congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, que foi espancado até a morte na orla da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na semana passada. Os protestos ocorreram no Rio, em São Paulo e em Brasília.
No Rio, acompanham o ato integrantes de movimentos sociais e parentes de Moïse. O protesto ocupou o entorno do quiosque Tropicália, na altura do Posto 8 do calçadão da Barra e do Receio dos Bandeirantes, onde o refugiado foi espancado. Pouco antes das 11h, os manifestantes partiram em caminhada pelo calçadão da orla. Alguns participantes ameaçaram depredar partes do quiosque, mas foram contidos pelos próprios manifestantes.
Um dos manifestantes exibia cartaz onde se lia “Queremos justiça”, em português e em francês, um dos idiomas oficiais República Democrática do Congo (RDC), de onde a família de Moïse fugiu, há cerca de dez anos, por causa da violência de conflitos étnicos.
Segundo a família de Moïse, ele teria ido ao quiosque cobrar o pagamento de diárias atrasadas por seu trabalho -- o congolês trabalhava informalmente como atendente. A divulgação de imagens do espancamento, que foi flagrado por câmeras de segurança do quiosque, causaram comoção. Cientistas sociais e ativistas viram o crime como manifestação do racismo estrutural que perdura no País.
O vídeo das câmeras de segurança mostra o crime em sua totalidade, contribuindo para a identificação dos autores, o que também colocou pressão sobre as investigações. Nesta semana, foram presos três homens acusados pelo espancamento: Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como Dezenove, de 28 anos; Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, de 21; e Fabio Pirineus da Silva, o Belo, de 41.
Prefeitura oferece quiosque à família
A família do refugiado congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte na orla da Barra da Tijuca, no Rio, poderá assumir a gestão do quiosque onde ocorreu o crime. A oferta foi feita no início da manhã de ontem pela Secretaria de Fazenda e Planejamento da prefeitura carioca, responsável pela concessão da operação dos quiosques para a empresa Orla Rio.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) foi às redes sociais reforçar a iniciativa: “a família passa a ser a nova concessionária do quiosque! Não a banalização da barbárie!”, escreveu, em sua conta no Twitter.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ), Álvaro Quintão, que atua no apoio jurídico à família de Moïse, informou que os familiares da vítima veem a proposta com bons olhos e deverão aceitá-la. Eles participariam de uma reunião com a concessionária Orla Rio para entender melhor a proposta ainda ontem à tarde, conforme Quintão.
A ideia de oferecer a operação do quiosque aos familiares de Moïse veio junto de um projeto de transformar dois quiosques “em um memorial em homenagem à cultura congolesa e africana”.
A iniciativa foi divulgada à imprensa acompanhada de imagens de croquis de como os quiosques poderão ficar, decorados com temas gráficos de inspiração africana.
A proposta inclui a reforma dos quiosques Tropicália (onde aconteceu o crime) e Biruta, que dividem a mesma estrutura física, além de apoio e capacitação para a gestão de bares e restaurantes, com auxílio do Senac e entidades dedicadas ao acolhimento de refugiados, disse o secretário de Fazenda e Planejamento do Rio, Pedro Paulo. (Estadão Conteúdo)