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Agronegócios

Seca nas regiões Sul e Centro-Oeste causam perdas de R$ 45 bi ao agro

A soja e o milho, principais grãos da pauta de exportações brasileiras, são as culturas mais atingidas

14 de Janeiro de 2022 às 03:59
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Agricultores do oeste de Santa Catarina calculam prejuízos
Agricultores do oeste de Santa Catarina calculam prejuízos (Crédito: ANTÔNIO CARLOS MAFALDA / MAFALDA PRESS / ESTADÃO CONTEÚDO (12/1/2022))

Enquanto centenas de cidades de Minas Gerais e Goiás enfrentam enchentes e inundações, a onda de calor e a seca castigam as lavouras e já deixam um prejuízo de R$ 45,3 bilhões nos Estados do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina e de Mato Grosso do Sul.

A soja e o milho, principais grãos da pauta de exportações brasileiras, são as culturas mais atingidas. Somente para os produtores gaúchos, as perdas podem ultrapassar R$ 19,7 bilhões, segundo estudo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Feco-Agro). As perdas equivalem a 27% do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola do Estado no ano passado, de R$ 73,5 bilhões. Foi um ano de produção excepcional. Em relação à média dos três últimos anos, o porcentual da perda sobe para 41%.

No Paraná, as perdas nas lavouras de soja e milho são estimadas em R$ 22,5 bilhões devido à estiagem, e já causaram um impacto de 37% na produção agrícola. Em 2020, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), o VBP atingiu R$ 60,4 bilhões, incluindo fruticultura e plantas ornamentais. O impacto é ainda maior se for considerada somente a produção de soja e milho, que atingiu valor de R$ 31,7 bilhões.

Em Santa Catarina, o VBP foi de R$ 11,55 bilhões em 2020, incluindo frutas e tabaco, segundo a Secretaria da Agricultura. Só milho e soja renderam receita bruta de R$ 4,32 bilhões -- neste ano, o Estado já teve perda de R$ 1,5 bilhão.

Com perda de R$ 1,6 bilhão nas lavouras de soja, Mato Grosso do Sul teve o menor impacto, já que o VBP dessa cultura foi de R$ 22,6 bilhões em 2020. No total, o VBP do agronegócio, incluindo carne, madeira e cana-de-açúcar, atingiu R$ 65,13 bilhões, segundo a Secretaria da Agricultura.

Ontem, os termômetros passaram dos 40ºC em cidades como Quaraí, Uruguaiana e Bagé (RS), de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Das 20 maiores temperaturas registradas em 24 horas no Brasil, 18 foram em municípios do Rio Grande do Sul, e uma em Foz do Iguaçu, no Paraná (36,8ºC).

Inflação

Em entrevista ao Estadão na terça-feira, o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, disse que esses eventos climáticos devem pesar na inflação neste início de ano. “Esse calor extremo no Sul pode afetar as lavouras de ciclo mais longo, o que pode diminuir a contribuição da agricultura para conter a inflação de 2022.”

Até a tarde da quarta-feira ao menos 200 municípios gaúchos e as 79 cidades sul-mato-grossenses tinham decretado situação de emergência devido à seca, segundo a Defesa Civil. Os produtores rurais pedem rolagem de dívida e linhas de crédito sem juros.

A ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, esteve na quarta-feira em Santo Ângelo, no noroeste gaúcho, para verificar a situação das lavouras. Ela visitou o sítio do produtor rural Dirceu Segatto, que há 40 anos produz milho, soja, leite e carne. Ele agora enfrenta pastagens secas, açudes quase vazios e lavouras de soja com muitas falhas nas linhas. (Estadão Conteúdo)