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Cidade criada por Ford no PA vai ganhar museu de ciência

A instalação do museu prevê reforma de casas, como a construída para o fundador da Ford

26 de Dezembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Belterra tem casas padronizadas no estilo americano.
Belterra tem casas padronizadas no estilo americano. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

 

Aos 18 anos, Diogo Noronha está no “centro do mundo”. O segundo dos cinco filhos de um minerador e de uma dona de casa não tem dúvidas que o futuro virá da floresta que ele se acostumou a ver desde que nasceu. Aluno do 1º ano de Direito, o jovem faz parte de um ambicioso projeto no meio da Amazônia. O rapaz foi escolhido, ainda no ensino médio, para ser um dos embaixadores do Museu de Ciência da Amazônia (MUCA) que será aberto em abril de 2022.

Instalado em Belterra, cidade de 20 mil habitantes a 1,2 mil quilômetros de Belém e no sudoeste do Pará, o museu é o primeiro passo para mudar a rota do lugar que, em 1934, Henry Ford escolheu para extrair borracha para os pneus dos carros da sua fábrica. O projeto está na antiga Vila Americana. Planejada de forma idêntica a uma cidade dos Estados Unidos do início do século 20, a vila tem casas padronizadas, com varandas e amplos jardins na frente.

Ali moravam os funcionários da empresa nos dez anos em que a empreitada (a segunda no Brasil do criador da Ford) durou na floresta. Na época, a instalação da vila atraiu mais moradores. “Minha avó veio do Ceará porque na época Belterra ficou famosa. Um dos melhores hospitais do Brasil estava aqui com médicos e equipamentos que vieram dos EUA”, conta Diogo.

A instalação do museu prevê reforma de casas, como a construída para o fundador da Ford (que nunca esteve na cidade) e que deverá abrigar um centro de cultura alimentar tapajônica. O projeto de restauro é do Studio Arthur Casas. “A casa do Ford vai virar um restaurante e um centro de cultura gastronômica da Cordon Bleu (rede internacional de ensino culinário)”, diz o coordenador geral do museu, Luiz Felipe Moura.

A estrutura que será instalada na vila inclui deques, bar, restaurante e área de convivência às margens do rio Tapajós. Eles se somarão ao centro de memória, igreja e outros pontos conservados no local. Arthur Casas também projetou o interior do museu. “Vi potencial turístico muito grande ali”, diz. “Queremos mostrar que a floresta em pé vale muito mais do que a soja.” (Estadão Conteúdo)