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Covid-19: os desafios para o próximo ano

Boletim da Fiocruz aponta que desinformação e novas variantes podem dificultar o controle da doença

25 de Dezembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Há o temor do surgimento de novas variantes, como a Ômicron, que assusta o hemisfério norte.
Há o temor do surgimento de novas variantes, como a Ômicron, que assusta o hemisfério norte. (Crédito: NAID)

 

O surgimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, o apagão de dados e a politização das medidas de enfrentamento da pandemia serão os desafios que o Brasil enfrentará em 2022 para controlar o avanço da Covid-19 no País, que é um dos epicentros da doença no mundo. A análise está no Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na quinta-feira (23) pela Fundação Oswaldo Cruz, que traz também um balanço da pandemia no ano de 2021. O Brasil termina o ano com mais de 22 milhões de casos e 616 mil mortos pela doença.

O documento aponta a preocupação dos cientistas com o retorno quase completo de atividades laborais, educativas e recreativas de forma presencial, “que expõe direta ou indiretamente parte da população”. “Com pequenas e importantes exceções, não estão sendo feitas campanhas pelo uso de máscaras e manutenção do distanciamento físico, o que pode levar à falsa ideia de que a pandemia esteja sob controle”, diz o boletim.

Uma das preocupações dos cientistas é o surgimento de variantes do novo coronavírus, como a Ômicron, identificada inicialmente na África do Sul e já presente no Brasil e em mais 90 países. “(A Ômicron) combinada com a maior circulação de pessoas nas férias e festas de fim de ano, venha a potencializar o crescimento de casos, internações e óbitos, que podem terminar culminando em crises e colapso do sistema de saúde”, alerta o boletim.

Os cientistas destacam que o surgimento da variante Gama no fim do ano passado foi responsável pela segunda onda da Covid-19, pela qual o Brasil passou em março e abril últimos, quando o País chegou a registrar mais de 3 mil mortes por dia.

A variante Ômicron é responsável pelo recente aumento de casos de Covid-19 em países como Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia, que estão no inverno e já preveem que a variante será a dominante em breve.

O boletim da Fiocruz aponta também a vulnerabilidade dos sistemas de informações em saúde como um desafio a ser superado para enfrentar a pandemia. “As falhas na divulgação de dados sobre a pandemia não são só decorrentes do ataque hacker sofrido pelos portais e sites do Ministério da Saúde, mas combinam vulnerabilidades e fragilidades em todo o processo, que se inicia com preenchimento dos formulários nos estabelecimentos de saúde e municípios.”

Segundo o relatório, ocorreram atrasos e interrupções na divulgação de dados, o que impede “a produção de informações que são vitais para tomadas de decisão baseadas em evidências, resultando em condições semelhantes a situações como dirigir no escuro e sem faróis, ou pilotar um avião sem instrumentos de navegação”.

Politização

Para os cientistas, o terceiro desafio diz respeito à politização das medidas de enfrentamento da pandemia, que são vitais para a proteção da saúde e da vida da população. “Esse processo tem combinado a desvalorização de medidas preventivas fundamentais de proteção como distanciamento físico e social, uso de máscaras e higienização das mãos com a propagação organizada de fake news e a criação de um clima de descrédito e desconfiança em relação às vacinas.”

O boletim menciona os “inaceitáveis” ataques à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seus diretores e funcionários, depois da aprovação do uso da vacina contra a covid-19 em crianças.

O boletim reitera a recomendação da Fiocruz para que as crianças sejam vacinadas com a máxima urgência, medida que os cientistas consideram fundamental para controlar a doença em todas as faixas etárias. “A vacinação contra a Covid-19 em crianças tem papel importante na cadeia de transmissão, já que a ampliação da cobertura vacinal, além de reduzir o número de casos graves, reduz a circulação do vírus. Essa circulação reduzida também leva a menor chance de surgimento de novas variantes”, diz a publicação. (Agência Brasil)