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Número de crianças fora da escola aumenta 171%

03 de Dezembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A pandemia quase triplicou os números de evasão escolar.
A pandemia quase triplicou os números de evasão escolar. (Crédito: ARQUIVO / AGÊNCIA BRASIL)

O Brasil registrou aumento no número de crianças e adolescentes fora da escola neste ano: 244 mil meninos e meninas de 6 a 14 anos não estavam matriculados no segundo trimestre -- uma alta de 171,1% em relação ao mesmo período de 2019. Esses são os primeiros dados sobre os efeitos da pandemia na educação brasileira e mostram que, além de dificuldades de garantir aprendizagem durante o ensino remoto, o Brasil também enfrenta problemas em dar acesso à educação.

Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foram tabulados pelo movimento Todos pela Educação. Segundo a pesquisa, o Brasil recuou em relação à universalização do atendimento escolar para crianças e adolescentes. O porcentual de crianças e jovens de 6 a 14 anos matriculados no ensino fundamental ou médio ficou em 96,2%, o menor valor desde 2012. Em 2019, o índice era de 98%.

Novos dados, relativos aos últimos meses de 2021 devem ser publicados em breve, mas a expectativa não é de melhora. “Com o fechamento prolongado das escolas no Brasil, houve um distanciamento grande entre crianças, jovens e suas escolas. Isso cria desengajamento e consequentemente leva algumas crianças e jovens, principalmente os mais pobres, a sair da escola”, explica Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do Todos pela Educação.

No ano passado, o IBGE estimava que 4,9 milhões de crianças não recebiam lições escolares em meio à pandemia. O aumento da pobreza no Brasil também faz com que crianças e jovens tenham de ajudar financeiramente em casa - o que os afasta das escolas.

Agora, mesmo com a reabertura das escolas, gestores locais sentem dificuldades em trazer todos para a sala de aula. Até a mobilização para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ficou prejudicada pela pressão externa para que os jovens ajudem a colocar comida em casa -- o número de inscritos este ano caiu quase pela metade.

“O número de pessoas de baixa renda aumentou. No retorno 100% presencial, parte dos alunos não veio por falta do dinheiro para o transporte”, disse o secretário estadual da Educação do Rio Grande do Norte, Getúlio Marques. (Estadão Conteúdo)