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Julgamento de quatro réus do caso boate Kiss começa no RS

Parentes lamentam que autoridades não tenham sido indiciadas

02 de Dezembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Familiares das vítimas foram de Santa Maria a Porto Alegre.
Familiares das vítimas foram de Santa Maria a Porto Alegre. (Crédito: RENAN MATTOS / ESTADÃO CONTEÚDO)

Começou na manhã de ontem, em Porto Alegre, o julgamento de quatro réus do caso Boate Kiss. Eles respondem pela morte de 242 pessoas no incêndio que também deixou 636 feridos em Santa Maria (RS), em janeiro de 2013. Os trabalhos tiveram início com a escolha dos sete jurados que, ao fim do julgamento, deverão proferir o veredicto sobre o caso. Na chegada ao tribunal, um dos réus disse não ser “assassino”.

Ontem ocorreu também o início dos depoimentos de sobreviventes do incêndio sobre as circunstâncias em que as chamas começaram e como o fogo se propagou na casa noturna após o uso de materiais pirotécnicos pelo grupo musical que se apresentava na ocasião. Ao todo, 14 sobreviventes devem depor no Foro Central de Porto Alegre, onde também serão ouvidas 19 testemunhas listadas pelo Ministério Público Estadual e pela defesa.

Estão no banco dos réus os dois sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, além do músico Marcelo de Jesus dos Santos e do produtor Luciano Bonilha. Todos eles são acusados pelas mortes na boate. O júri é presidido pelo juiz Orlando Faccini Neto.

Dos quatro réus, o produtor da banda, Luciano Bonilha, foi o único a entrar no prédio do Foro Central pela entrada principal. Ele não chegou a responder perguntas de repórteres, mas perto da porta, gritou: “Eu não sou um assassino”. Dentro do prédio, ele passou mal. Os outros três réus utilizaram uma entrada pelos fundos do prédio.

O fogo na madrugada de 27 de janeiro começou no palco, quando a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador durante a sua apresentação. As chamas do artefato atingiram a espuma de isolamento acústico que revestia o teto e rapidamente se espalharam. Na ocasião, a Kiss recebia uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Uma das estudantes era Fernanda Brandão Malheiros, na época com 18 anos. Ela estava no fim do primeiro semestre de Agronomia. Natural de Ijuí, tinha saído havia pouco tempo de casa. Ontem, o pai da jovem, Jorge Luis Brandão Malheiros, chegou sozinho ao Fórum, com semblante abatido. “Está faltando gente (no banco dos réus) e hoje nós teremos um júri parcial”, afirmou ele.

A cobrança de Jorge é pela falta de autoridades indiciadas. Na avaliação do pai de Fernanda, o Ministério Público do Rio Grande do Sul acabou protegendo as autoridades que deveriam ser responsabilizadas pela tragédia. “A Polícia Civil fez um trabalho sério, apontou todos que devia apontar. Mas o Ministério Público não entendeu dessa forma. Na minha opinião, a partir do momento em que retirou do processo as autoridades apontadas no inquérito, ele absolveu essas autoridades.” (Estadão Conteúdo)