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Vacinação

Brasil supera os Estados Unidos no total de pessoas vacinadas com pelo menos uma dose

Mais de 150 milhões de brasileiros já tomaram a primeira dose; os totalmente vacinados são 100 milhões

15 de Outubro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
(Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (17/9/2021))

Com um Programa Nacional de Imunizações (PIN) que é referência internacional e uma tradição de vacinação já consolidada na população, o Brasil atingiu a marca de 100 milhões de pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19 na quarta-feira (13), o que representa 47,11% da população. No mesmo dia, eram 149.950.990 vacinados com a primeira dose (equivalente a 70,29%). Ontem, esse número saltou 150.659.242, ou 70,63% da população que iniciou o esquema vacinal contra a doença.

Com estes números, o País já supera a Alemanha e os Estados Unidos no total de pessoas vacinadas com ao menos uma dose. Esses países têm disponibilidade muito maior de vacinas e começaram a vacinar primeiro, em dezembro do ano passado.

O início da vacinação foi lento no Brasil, com cerca de 300 mil vacinas aplicadas por dia nos primeiros dois meses. A campanha ganhou força em junho e, desde então, são vacinados entre 1,5 milhão e dois milhões de brasileiros diariamente. Em setembro, o País entrou numa fase diferente da campanha de vacinação e passou a aplicar majoritariamente a segunda dose.

O imunologista Gustavo Cabral, que lidera o desenvolvimento de vacinas contra a Covid e outras doenças na Universidade de São Paulo, credita as altas taxas de vacinação à vontade do brasileiro de tomar a vacina e à existência de um Programa Nacional de Imunizações bem estruturado. A pressão exercida pela CPI da Pandemia e pela mídia são outros pontos citados pelo pesquisador para explicar o alto porcentual de vacinados em comparação a outros países.

Referência

“Nosso PNI é uma referência internacional e funciona independentemente de quem está no poder. Daria muito trabalho fazer as coisas darem errado. Nós somos feras em vacinação”, diz Cabral. Ele acredita que o País poderia vacinar até cinco milhões de pessoas por dia.

Os EUA, um dos primeiros países a oferecer o imunizante em larga escala à população, não conseguem ampliar a taxa de vacinados. A vacina está disponível para todos acima de 12 anos, mas só 64,6% dos americanos aceitaram recebê-la. As doses foram compradas em alto volume, há pontos de vacinação em farmácias, supermercados e shopping centers, mas nada disso enfraqueceu o movimento antivacina. “O problema é a falta de aceitação. No Brasil, por outro lado, mais de 95% da população quer se vacinar”, diz o imunologista.

Em alguns países europeus, o problema começa a se repetir. A vacina está disponível desde junho na maioria dos países mas a cobertura vacinal empacou. A Alemanha já foi ultrapassada pelo Brasil na porcentagem de vacinados com uma dose e o Reino Unido deve ficar para trás em breve. Países como Suíça, Áustria, Grécia, Hungria e Polônia também aplicaram menos que o Brasil a primeira dose.

Israel, na Ásia, chegou a ser exemplo de vacinação, exibindo uma das taxas mais altas do mundo. Agora, vê a campanha de imunização travar e está quase empatado com o Brasil, com 70,44% da população vacinada com uma dose. Ao todo, 64,73% dos israelenses estão completamente imunizados.

No entanto, a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, em Washington, acha que seria um erro subestimar os grupos contrários à imunização. “O movimento antivacina era incipiente quando começou nos EUA. Ele não ganhou força da noite para o dia. Foi crescendo aos poucos até se tornar um dos maiores do mundo”, afirma. (Estadão Conteúdo)