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Negócios tiveram ‘dia perdido’ pela pane

Pequenos negócios sofreram sem WhatsApp na segunda-feira; bug expôs dependência do aplicativo

06 de Outubro de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
A pane nas três plataformas do império de Zuckerberg deixou um rastro global de prejuízos.
A pane nas três plataformas do império de Zuckerberg deixou um rastro global de prejuízos. (Crédito: KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP)

Com nada menos do que 120 milhões de usuários no Brasil, o WhatsApp é uma ferramenta fundamental de negócios. A queda de todos os serviços do Facebook, incluindo o WhatsApp e o Instagram, na segunda-feira (4), teve um impacto em muitas empresas de pequeno porte, que dependem dos serviços para falar com clientes e fornecedores

“Foi um dia perdido. Não fazemos iFood e Rappi e não temos loja física, então usamos o WhatsApp. Paramos de vender e não estamos nem com o Instagram para poder direcionar os clientes para outro canal”, contou Ilana Pelosof, 36 anos , dona da confeitaria Zil Bakery, em São Paulo.

Nayana Rodrigues Silveira, 23, trabalha com eventos e atende aos clientes diretamente por Facebook e WhatsApp para fechar trabalhos para sua empresa. A pane chegou no prazo final de uma das produções -- cerca de 250 clientes foram afetados pela queda

“Não temos como entrar em contato para avisar, e eles também não conseguem falar conosco para finalizar a contratação. O contato com o cliente é diretamente pelo Messenger ou WhatsApp. Um dia de trabalho perdido é sempre prejuízo”, conta Nayana.

Segunda-feira costuma ser o melhor dia de vendas da pequena empresária Gabriela Spinardi, dona do Balaio Gastronomia, que produz marmitas congeladas. Normalmente, ela chega a tirar 20 pedidos. Ontem, por causa da paralisação dos serviços do WhatsApp, ela conseguiu vender e entregar apenas quatro encomendas. “Acho que deixei de faturar cerca de R$ 4 mil”, calcula. Gabriela explica que, às segundas-feiras, as famílias atendidas por ela fazem as compras para uma ou duas semanas.

A clínica estética Chiquetá, de São Caetano do Sul (SP), por exemplo, usa o aplicativo para confirmar consultas e registrou oito faltas ontem. Num dia normal, seriam duas. Além disso, a marcação de novas consultas também foi prejudicada. Até as 12h, tinham sido marcadas apenas cinco consultas. Em dias normais são, em média, de 15 a 20 agendamentos.

A história se repetiu na loja de doces Sodiê, do município de Ribeirão Pires, que costuma atender a 100 clientes pelo app, todos os dias. Ontem, o negócio pôde contar apenas com as vendas feitas de forma presencial. Segundo a empresa, em média, 40 encomendas de bolo são efetivadas por meio do WhatsApp.

Dependência

A pane nos serviços de Facebook, WhatsApp e Instagram expôs a grande dependência do brasileiro desses aplicativos.

Nos últimos anos, os brasileiros se habituaram a usar os aplicativos não só para falar com outras pessoas. Viraram meio também para tarefas como comprar ou vender mercadorias, pagar contas, marcar consultas ou acertar compromissos de trabalho. Em questão de minutos, tudo isso sumiu, como se não existisse mais na internet.

“O que você fez no dia em que WhatsApp, Instagram e Facebook saíram do ar? A resposta diz muito sobre como estruturamos nossas vidas ao redor de um punhado de aplicações na internet”, afirma o diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS RIO), Carlos Affonso Souza (leia mais abaixo).

Mas o que está por trás da pane que durou mais de seis horas e causou tanta comoção e prejuízo? Do ponto de vista técnico, se tratou aparentemente de uma falha do tipo DNS -- ou seja, um problema nos servidores da empresa. (Estadão Conteúdo)