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'Tempestade de areia': seca extrema explica haboob no interior de SP

O monitoramento aponta que estes graus de seca têm tanto impactos de curto quanto de longo prazo

27 de Setembro de 2021 às 15:37
Estadão Conteúdo [email protected]
A tempestade de areia atingiu cidades do interior do Estado
A tempestade de areia atingiu cidades do interior do Estado (Crédito: Reprodução)

A região atingida pela “tempestade de areia” em São Paulo e Minas Gerais no domingo (26) está entre as piores avaliadas no monitoramento de secas da Agência Nacional de Águas (ANA) de agosto. O norte e o nordeste paulista e o Triângulo Mineiro estão com as classificações de seca “excepcional” e “extrema”, as mais altas em uma escala de cinco níveis (fraca, moderada, grave, extrema e excepcional).

Divulgado em 21 de setembro, o monitoramento aponta que estes graus de seca têm tanto impactos de curto quanto de longo prazo (“normalmente atuando por mais de 12 meses”, segundo a agência). Eles afetam a agricultura, a pastagem, a hidrologia e a ecologia, o que inclui “grandes perdas de cultura” e “escassez de água generalizada”.

O levantamento também destaca que a região Sudeste enfrenta um avanço das secas de nível mais grave “devido à persistência de chuvas abaixo da média”. A situação atual é a pior apontada desde que o monitoramento passou a incluir São Paulo, em novembro do ano passado.

A “tempestade de areia” atingiu justamente as áreas citadas pela agência, em municípios como Franca, Ribeirão Preto e Uberlândia. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) classifica o evento como um tipo de “litometeoro”, isto é, “fenômeno causado pela suspensão no ar de partículas, geralmente sólidas, mas de natureza não aquosa”, dos quais os mais comuns são névoa seca, tempestade de poeira e turbilhão de areia.

A meteorologista Estael Sias, da MetSul, disse no domingo que o fenômeno é comum em países da Ásia, onde é conhecido como “haboob”. Ele é causado por temporais de chuva com ventos fortes que, ao entrarem em contato com o solo seco, encontram resquícios de queimada, poeira e vegetação, os quais acabam criando um “rolo compressor” de sujeira que pode chegar a até 10 quilômetros de altura.

“Primeiro, vem a nuvem de temporal e tempestade, que gerou a corrente de vento mais horizontal e bagunçou todos esses detritos. Como faz meses que não chove naquela região, tem muita poeira, o solo e a vegetação estão secos, e as queimadas também contribuíram”, explicou Estael.

A seca na região também tem afetado o fornecimento de água. Em Franca, por exemplo, a Sabesp informou que a queda acentuada na vazão dos mananciais de abastecimento do município impõe ampliação no horário do rodízio, que passou a operar com um intervalo de 36 horas (isto é, um dia e meio com água e um dia e meio sem).

Embora não tão comum, esse tipo de evento ocorreu em outras ocasiões em partes da região Sudeste e Centro-Oeste, mas não com a proporção do mais recente. Em agosto do ano passado, por exemplo, um caso semelhante chamou a atenção em Marília, Cândido Mota e municípios vizinhos. “(O de domingo) Foi um fenômeno de grande proporção, mais impactante, fora da curva. Geralmente, ocorre de forma mais localizada, pontual‘, comenta a meteorologista Estael. (Estadão Conteúdo)