Negociações
Pela estabilidade, Bolsonaro busca acalmar apoiadores
Presidente diz que é preciso buscar o entendimento o máximo possível
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (10) que não é possível “degolar” seus opositores. A fala vem em meio à tentativa do chefe do Executivo de minimizar, a apoiadores, o derretimento de sua base de sustentação após sinalizar na quinta-feira (9), em nota, o recuo em seus ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ofensiva sobre a Corte é incentivada pelos simpatizantes.
“Alguns querem que eu vá lá e degole todo mundo. Hoje em dia, não existe país isolado, todo mundo está integrado ao mundo”, justificou o presidente, pedindo, novamente, calma aos presentes após a divulgação da carta. “É preciso buscar o entendimento o máximo possível”, declarou. O presidente repetiu que o “retrato” que fez sobre as manifestações de 7 de setembro em São Paulo não é dele, mas sim do povo.
Ao ser questionado por um apoiador se a suposta mudança de postura poderia resultar na soltura do deputado preso Daniel Silveira (PSL-RJ), o presidente se mostrou incomodado e disse que, sobre algumas coisas, não poderia comentar.
Fim do protesto
Um dos principais líderes dos protestos contra o STF e a favor do governo, Zé Trovão divulgou na tarde de ontem (10) um vídeo em que declara o fim da paralisação de caminhoneiros, que em seu ápice bloqueou rodovias em ao menos 16 Estados. Juntando-se aos apoiadores que recuaram nas críticas ao presidente Jair Bolsonaro, o caminhoneiro defendeu a “harmonia entre os poderes” e afirmou que o presidente colocou a gestão do País acima de sua popularidade.
Zé Trovão foi uma das lideranças do movimento que inicialmente recebeu mal o pedido de Bolsonaro para que caminhoneiros liberassem as estradas. Um dia depois, a militância bolsonarista se mostrou novamente surpresa após o presidente divulgar uma declaração à Nação, escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, na qual volta atrás do tom adotado nos discursos do 7 de Setembro.
Bolsonaro já havia afirmado, na quinta-feira (9), que as manifestações não poderiam passar de domingo, sob pena de prejudicar o abastecimento nacional, e também já tinha buscado abrandar os efeitos sobre apoiadores de sua “carta de recuo”. Ontem, ele confirmou que o ex-presidente Michel Temer editou o documento. (Estadão Conteúdo)