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Manifestação

Caminhoneiros protestam em nove Estados, e PRF atua para liberar fluxo

Bloqueios começaram durante as manifestações do 7 de Setembro em defesa do governo

08 de Setembro de 2021 às 20:31
Estadão Conteúdo [email protected]
Ministério da Infraestrutura afirma que atos não são organizados por entidades do setor
Ministério da Infraestrutura afirma que atos não são organizados por entidades do setor (Crédito: Redes sociais)

O Ministério de Infraestrutura informou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuou nesta quarta-feira (8) para desmobilizar bloqueios de estradas realizados por caminhoneiros em nove Estados. A previsão, segundo nota da pasta, é garantir o livre fluxo nas rodovias, com a tendência de fim das mobilizações, até às 00h desta quinta-feira (9). Os bloqueios começaram na terça-feira (7), durante as manifestações do 7 de Setembro, convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Segundo informações da PRF, até às 14h30, a maior parte dos bloqueios estava concentrada no Estado de Santa Catarina. Os demais Estados não foram informados, mas, de acordo com a pasta, a Polícia atua em todas as localidades identificadas para garantir o livre fluxo. Há relatos de atos nas margens de rodovias também na Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul. Além desses, houve também protestos no Rio de Janeiro, o que aumenta o número para nove Estados. 

“Ao todo, foram registradas 56 ocorrências com concentração de populares e tentativas debeladas das mobilizações de bloqueio total ou parcial de rodovias durante as últimas horas”, diz a nota. “A PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h do dia 09/09.”

O ministério informou ainda que os atos não são organizados por qualquer entidade setorial do transporte rodoviário de cargas e que a composição das mobilizações é heterogênea, “não se limitando a demandas ligadas à categoria.”

Os bloqueios realizados pelos caminhoneiros já preocupa distribuidoras de combustíveis que temem o desabastecimento dos mercados. As empresas temem que faltem produtos como gasolina e óleo diesel nas próximas 12 horas desta quarta-feira. A situação mais crítica é em Santa Catarina e Mato Grosso, mas, algumas cidades de outros Estados, já estão com fornecimento comprometido.

Um dos líderes do movimento intitulado de caminhoneiros patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, diz que entregará hoje um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pedindo a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “O povo brasileiro não aguenta mais esse momento que País está atravessando através da forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo brasileiro está aqui (Esplanada dos Ministérios) buscando solução e só vamos sair daqui com solução na mão”, disse Chicão, que preside União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula pelas redes sociais. Segundo ele, o documento também será entregue ao presidente Jair Bolsonaro. Em outro vídeo, Burgardt fala em um prazo de 24 horas para a resposta das autoridades ao pedido do movimento.

Até o momento desta publicação, a reportagem não conseguiu contato com Burgardt. A paralisação, contudo, não é uma decisão unânime da categoria. Entidades que representam caminhoneiros autônomos e que chamam mobilizações a favor de demandas específicas da categoria não aderiram aos atos. Na semana passada, representantes da categoria já consideravam que poderia haver a presença pontual de transportadores nos movimentos, mas de forma isolada, sem organização associativa.

A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), a Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens-SP), o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) informaram que não apoiam a paralisação e não estão participando dos atos.

O presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido como Chorão, avalia que o movimento é de cunho político com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas, e não de transportadores autônomos. “Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de manobra. Existe um movimento com interesse de empresas e do agronegócio atrás do financiamento desses atos. Está claro que a pauta não é da categoria”, disse Chorão há pouco ao Broadcast Agro. De acordo com ele, uma greve geral neste momento seria prejudicial às atividades dos autônomos. “Uma paralisação nesse momento tiraria vários transportadores do ramo e ainda em uma pauta política seria prejudicial à categoria. Muitos motoristas não conseguiriam parar 10 a 15 dias”, afirmou Chorão, que foi um dos principais líderes da categoria na greve de 2018.

O diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer, relatou ter visto alguns pontos de manifestações de caminhoneiros, “conforme era esperado” diante de manifestações do presidente Jair Bolsonaro. “Vimos veículos do agronegócio, como tratores e máquinas agrícolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar tentando trabalhar”, disse Litti à reportagem. A CNTTL enviou recentemente um ofício ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, repudiando os atos “extremistas”, as declarações do cantor Sérgio Reis e de “pseudo lideranças” de caminhoneiros, dizendo que não compactua com nenhuma manifestação antidemocrática.

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