A dona da clínica de reabilitação onde o ator Sergio Hondjakoff, o "Cabeção" de Malhação (2000-2006), estava internado em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, foi presa na última segunda-feira (16), confirmou o Ministério Público do Estado de São Paulo. Outros dois funcionários do local já estavam detidos desde o dia 4 de agosto. Danielle do Amaral Calino, responsável pela clínica Resulta, foi denunciada por maus tratos e cárcere privado.

"Foi decretada a prisão preventiva da dona da clínica em que o flagrante ocorreu, tanto nos autos do procedimento dele decorrente quanto no processo que ela anteriormente respondia, pois apurou-se tentativa desta de alterar a verdade dos fatos ao tentar influir testemunha ex-paciente a mentir perante o Juízo. Ela encontra-se recolhida na Penitenciária Feminina Tremembé II", diz nota enviada à reportagem pelo MP-SP.

Em 5 de agosto, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na clínica de reabilitação Resulta, em Pindamonhangaba, e encontrou Hondjakoff e mais 42 pessoas em situação de cárcere privado. Apesar de ter negado o fato para preservar seu filho, depois ele confirmou que estava entre os internados.

"Tudo o que está nas redes, na internet, fica lá para sempre, e menti porque não queria que meu filho tomasse conhecimento um dia desse fato, depois de ele já ter nascido. Peço que entendam a minha situação e me perdoem", disse o ator em áudio divulgado à imprensa na ocasião.

Leia nota enviada na íntegra:

Após a Promotoria de Justiça de Pindamonhangaba encontrar, no dia 4 de agosto, 43 pacientes sendo mantidos de forma irregular em uma clínica do município, o MPSP ofereceu denúncia contra a proprietária e dois funcionários do estabelecimento por sequestro e cárcere privado. A dona da Clínica Resulta foi presa preventivamente na última segunda-feira (16/8) a pedido do promotor Jaime Meira do Nascimento Junior, autor da denúncia. Dois funcionários já haviam sido presos em flagrante e seguem detidos cautelarmente.

Voltada ao atendimento de dependentes químicos, a clínica vinha mantendo boa parte dos pacientes internada contra a própria vontade há mais de 90 dias. As pessoas ficavam trancadas e relataram dificuldades para entrar em contato com parentes. Foram localizados medicamentos de uso controlado dentro de um automóvel supostamente de propriedade de um dos pacientes. A clínica foi autuada e interditada.

O local já havia sido alvo de inquérito instaurado para apurar notícias de maus-tratos praticados contra os pacientes, o que provocou denúncia contra um funcionário por tortura e contra a administradora do espaço por tortura omissiva. Os fatos levaram à assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta em que os responsáveis pelo local tinham se comprometido a, entre outras obrigações, não manter os dependentes químicos trancados em seus quartos, seguindo a legislação vigente.