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Covid-19

Ministério admite 3ª dose e Estados já planejam reforço

Delta e casos de hospitalizações de pessoas imunizadas reforçam debate

18 de Agosto de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
A dose de reforço deve ser dada em parte da população.
A dose de reforço deve ser dada em parte da população. (Crédito: ISSOUF SANOGO / AFP)

A secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite Melo, admitiu nesta segunda-feira, em comissão do Senado, a necessidade de que parte da população brasileira receba uma 3ª dose da vacina contra o coronavírus. Governos locais já planejam o reforço para idosos, paralelamente à vacinação de adolescentes, e pedem aval do Ministério da Saúde.

Nas últimas semanas, os casos de internação e morte de idosos vacinados com duas doses levantaram o debate sobre a necessidade de aplicação de uma 3ª dose nessa faixa etária, já adotada em países como Israel e Chile. Um estudo da Fiocruz projetou aumento de internações de idosos com mais de 80 anos nos Estados de São Paulo e Rio (veja matéria abaixo). As ocorrências de infecções não indicam que as vacinas não funcionam, mas podem significar redução da proteção provocada pelos imunizantes ao longo do tempo em idosos

“Em determinadas faixas etárias, para determinados imunizantes, realmente está diminuindo essa proteção (das vacinas)”, disse Rosana. A pasta calcula entre 4 e 5 milhões de idosos com mais de 80 anos no Brasil. Ela citou o exemplo dos Estados Unidos que, na semana passada, autorizaram a administração da terceira dose de vacinas Pfizer e Moderna a imunodeprimidos. Rosana destacou o avanço da variante Delta, que fez mudar o cenário no Brasil há uma semana.

A pasta analisa qual imunizante seria usado para a terceira dose e a possibilidade de intercambiar vacinas. Um estudo da Saúde iniciado ontem vai testar a resposta imune de pessoas vacinadas com a Coronavac após receber uma dose de reforço.

A Comissão Temporária da Covid-19 no Senado discutiu especificamente a necessidade de aplicar a terceira dose em idosos. Para a pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, que também participou da audiência no Senado, dados atuais mostram aumento de internações de idosos. Ela defende que pessoas acima de 70 anos vacinadas com imunizantes de vírus inativado, como a Coronavac, profissionais de saúde e pessoas com imunodeficiências sejam as primeiras a receber a dose extra. “O Rio de Janeiro já está hospitalizando gente que tomou as duas doses.”

Nesta segunda-feira, a Prefeitura do Rio anunciou o plano de aplicar ainda este mês uma dose extra a idosos na Ilha de Paquetá, como parte do estudo Paquetá Vacinada, realizado em parceria com a Fiocruz. A ilha tem 86% dos moradores acima de 12 anos completamente vacinados. Com a primeira dose, o total chega a 96,7% da população

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), também defendeu a aplicação de uma 3.ª dose da vacina para a população do grupo de risco. Segundo o secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, o tema foi tratado em uma reunião ontem entre o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Ministério da Saúde.

O Mato Grosso do Sul também encaminhou pedido ao ministério para que seja aplicada a terceira dose em idosos. ‘O porcentual de mortes dessa faixa tem aumentado significativamente‘, disse o secretário da Saúde, Geraldo Resende. A dose de reforço pode começar nas próximas semanas no Estado com idosos acima de 90 anos.

Indagado sobre a necessidade de dose de reforço, o governo paulista informou que discute semanalmente as ações de vacinação no Estado e trabalha ‘com a possibilidade da vacinação anual‘. Sem detalhar os dados por faixa etária, o governo aponta queda de 8% nas hospitalizações. Na capital paulista, a decisão de aplicar a dose de reforço vai seguir definição do Ministério da Saúde, segundo o secretário Edson Aparecido. (Da Redação com Estadão Conteúdo)