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Ocupações irregulares dobram em Ilhabela
A dona de casa Domingas Oliveira, de 65 anos, viveu mais da metade da vida em uma ocupação irregular, no Morro do Cantagalo, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo. Quando chegou de Minas com quatro filhos pequenos e sem dinheiro, em 1986, foi o único lugar em que conseguiu erguer um barraco e acomodar a família. Desde aquela época, ela vê aumentar o número de moradias e ouve promessas de regularização do seu e de outros imóveis.
Em 2010, 6.203 pessoas moravam em assentamentos precários (22% da população na época) na cidade, segundo o Projeto de Avaliação de Impactos Cumulativos, estudo técnico que subsidia ações do Ministério Público de São Paulo em Ilhabela. Em 2020, o número saltou 95% e chegou a 12,1 mil pessoas ou perto de um terço dos habitantes da ilha.
Nesse período, a população local cresceu 26%, passando de 28.196 habitantes para 35.591, conforme o IBGE. Já o número de moradias regulares, inscritas no cadastro municipal, ficou praticamente estável, em 14,1 mil domicílios, segundo dados da prefeitura.
Com a alta do desemprego e o déficit de moradias, barracos de madeira avançam pelas encostas de morros. Estruturas precárias surgem em meio ao verde da ilha -- área de preservação da Mata Atlântica com 360 cachoeiras e 36 praias --, criando núcleos com esgoto a céu aberto.