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CPI da Covid

Preço da Covaxin tem guerra de versões

15 de Julho de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Diretora da Precisa prestou depoimento, ontem, à CPI.
Diretora da Precisa prestou depoimento, ontem, à CPI. (Crédito: PEDRO FRANÇA / AGÊNCIA SENADO)

Em depoimento à CPI da Covid, ontem, a diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, classificou como “mentiroso” um documento que o Ministério da Saúde enviou como resposta oficial à Câmara dos Deputados no qual consta uma oferta de preço da vacina Covaxin, em 20 de novembro, a US$ 10 a dose. Na sua versão, esse valor foi apresentado apenas como “expectativa”.

O documento foi revelado pelo Estadão, em 3 de julho. O contrato para a importação dos imunizantes produzidos pelo laboratório indiano Bharat Biotech foi fechado, em 25 de fevereiro, por US$ 15 a dose. A elevação do preço, o maior pago pelo governo brasileiro por uma vacina, é investigada pela CPI.

Primeiro, a diretora foi taxativa. Em resposta ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), ela afirmou que o documento é “mentiroso”. “A memória da reunião é mentirosa. É isso?‘, perguntou Renan. ‘Sim, senador, é mentirosa.”

Em seguida, após o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ler todo o documento, a diretora fez um reparo à declaração. Disse que os US$ 10 foram apresentados como “expectativa”. “Foi apresentado como uma expectativa, e não como uma proposta, não como oferta.”

Procurado várias vezes pelo Estadão, o Ministério da Saúde não se manifestou sobre o porquê de ter fechado o contrato com valor 50% maior do que o colocado no relatório da reunião de novembro

Emanuela Medrades confirmou a veracidade das informações no documento. Fez apenas duas ressalvas. Além do preço, disse que havia uma incorreção quanto à característica da vacina. Segundo ela, não é correta a menção de que a Covaxin seria em “pó liofilizado”. O imunizante seria uma solução injetável pronta para aplicação.

O valor de US$ 15 por dose da Covaxin é 1.000% mais alto do que a Bharat estimou em agosto de 2020 -- seis meses antes de o contrato com o Ministério da Saúde ser assinado.

Telegrama da embaixada brasileira na Índia registrou que, em um evento naquele país, a Bharat informou que o preço por dose da vacina, quando estivesse pronta, poderia ser de 100 rúpias (US$ 1,34, na cotação da época).

Este valor, no entanto, não chegou a ser oferecido ao governo brasileiro. Em abril deste ano, após ter fechado contrato com o País, a empresa divulgou uma tabela de preços com valores mais altos para exportação do que para o mercado interno. (Da Redação com Estadão Conteúdo)