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Com Delta, SP avalia adiantar a 2ª dose

Governo paulista anuncia a antecipação de 4 milhões de doses importadas da Coronavac

08 de Julho de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Alteração do calendário vacinal em SP será debatida hoje.
Alteração do calendário vacinal em SP será debatida hoje. (Crédito: SAID KHATIB / AFP)

O governo de São Paulo afirmou ontem que a variante Delta, originária da Índia, circula no Estado. De rápida disseminação, essa mutação já pressiona o governo paulista a reavaliar o intervalo adotado de três meses entre as doses de vacinas da Pfizer e da Astrazeneca. No Brasil, esses imunizantes apresentam intervalo de três meses entre as doses. Já a Coronavac é aplicada com 28 dias entre uma dose e outra.

“Temos uma variante (Delta) que já é autóctone, ou seja, ela já está circulando no nosso meio, em pessoas que não tiveram histórico de viagens ou que tiveram contato com alguém que esteve, por exemplo, na Índia, e, dessa forma, temos de ter uma atenção especial”, disse o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, falando da transmissão comunitária.

“Essa variante Delta é uma preocupação. É a que a penetrou o maior número de países e surpreendeu Israel e Reino Unido, onde já está presente em porcentuais elevados”, disse o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. “A possibilidade de antecipação da segunda dose deve ser considerada, sim, porque embora as vacinas possam não responder bem à variante Delta de forma geral, o fato de ter a imunidade completa ajuda substancialmente. Por isso muitos consideram a alteração do calendário.” Ele afirmou, ainda, que a Coronavac mostrou boa proteção contra a variante Delta em estudo em laboratório. Mas ainda faltam dados populacionais.

Especialistas do Centro de Contingência Contra a Covid-19 do Estado de São Paulo devem se reunir hoje (8) para debater a redução do intervalo entre as doses. “Neste momento, talvez seja mais interessante ter mais gente vacinada com primeira dose do que antecipar a segunda dose para alguém”, disse o coordenador executivo João Gabbardo. “Não existe mágica: se antecipar de 90 para 60 dias a segunda dose para algumas pessoas, isso significa atrasar a primeira dose de uma parte da população.”

Coronavac

A antecipação da segunda dose no Estado será possível, segundo o governador João Doria (PSDB), por causa da compra de 4 milhões de doses adicionais da Coronavac, diretamente com a farmacêutica chinesa Sinovac. O novo calendário de vacinação no Estado não foi divulgado. O governo também anunciou a flexibilização das regras para o funcionamento do comércio, diante da redução das taxas de hospitalizações no Estado.

Segundo o governo do Estado, a entrega das doses da vacina Coronavac prometidas ao Ministério da Saúde será antecipada em 30 dias. A Coronavac é produzida no Instituto Butantan. O total de 100 milhões de doses deveriam ser entregues ao Ministério da Saúde no fim de setembro, mas, de acordo com o governo, será possível completar a entrega até o dia 31 de agosto.

De acordo com Doria, foram adquiridas diretamente com a Sinovac 4 milhões de doses da Coronavac. Destas, 2,7 milhões chegaram ontem a São Paulo e até o dia 26 de julho o Estado deverá receber o restante. “Já obtivemos a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A compra foi feita pelo governo de São Paulo e paga pelo governo de São Paulo. Isso não entra no Plano Nacional de Imunização, mas no Plano Estadual de Imunização”, informou o governador.

O governo não informou as novas datas para a vacinação dos paulistas. Hoje, o calendário prevê vacinar com a primeira dose todas as pessoas acima de 18 anos até o dia 15 de setembro. Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, a vacinação dos adultos pode ocorrer “bem antes” de 15 de setembro

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse ainda que há a possibilidade de antecipação da segunda dose para as vacinas que estão sendo aplicadas com intervalo de três meses no Brasil. “Também precisamos ter mais doses de outras vacinas para que esse intervalo possa ser estabelecido. Se não tiver esse alento pela chancela do Ministério (da Saúde), por mais que essa decisão aconteça, operacionalmente terá entraves”, completou Gorinchteyn. (Da Redação com Estadão Conteúdo)