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Nova variante Lambda avança e lança alerta sobre o Brasil

Alta de casos e a baixa taxa de vacinação preocupam autoridades de saúde

07 de Julho de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Nova variante foi detectada pela primeira vez no Peru.
Nova variante foi detectada pela primeira vez no Peru. (Crédito: CESAR VON BANCELS)

A proliferação de casos da variante Lambda (C.37) pela América do Sul atraiu atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda não há estudos que comprovem a maior transmissibilidade dessa cepa do novo coronavírus, mas o aumento de casos e a baixa taxa de vacinação em áreas do continente onde essa mutação foi identificada preocupam autoridades de saúde. No Brasil, por enquanto, três casos e uma morte já estão relacionados à cepa.

No Peru, onde foi detectada pela 1ª vez em dezembro, a variante já representa 81% dos casos. Argentina e Chile também veem alta de contaminações. Classificada em junho como variante de interesse (VOI, na sigla em inglês) pela OMS, a Lambda já foi rastreada em 29 países. Entre as 20 nações latino-americanas, sete registraram a cepa. Na Argentina, foi responsável por 37% dos casos detectados de fevereiro a abril. No Chile, representa 32% das ocorrências listadas nos últimos 60 dias. Os países da região, porém, não têm estrutura robusta de vigilância genômica.

“A América Latina sequencia muito pouco. O Brasil é o país que mais sequencia na região e é pouco comparado a países como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido”, afirma Rodrigo Stabeli, diretor da Fiocruz em São Paulo. “A vigilância genômica é de extrema importância para entendermos o comportamento de infecção das variantes e fazer medidas de contenção”. Em números absolutos de casos, o Chile é líder mundial de notificações da Lambda. Segundo o Gisaid, banco on-line global de sequenciamentos com dados, são 840 registros. Na sequência, vêm Estados Unidos (621) e Peru (242).

Casos no Brasil

O Brasil registrou até agora dois casos em São Paulo e um terceiro, que resultou em óbito, no Rio Grande do Sul. O número, porém, pode ser maior. “Não acredito que tenhamos só três casos”, diz o infectologista Alexandre Zavascki, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. “Não estou dizendo que se expandiu, mas quando quase casualmente detectamos a C.37, é possível, considerando que nas nossas fronteiras há grande entrada de pessoas vindo dessas regiões, que já tenhamos em algum grau mais casos que esses já reportados.”

Segundo o governo do Rio Grande do Sul, a infecção em território gaúcho foi importada da Argentina. O pesquisador afirma ainda que a Gama -- cepa predominante no território nacional (P.1), originalmente identificada em Manaus -- pode ser um impeditivo para o avanço da Lambda. “Isso só saberemos monitorando”, diz Zavascki.

Contágio

Stabeli explica que a rápida dispersão da cepa por esses países ainda não confirma a hipótese de maior transmissibilidade. “Isso não significa que ela é mais agressiva ou mais letal”, afirma o também professor de Medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e consultor da OMS para genômica. “O que a gente pode observar no Peru é que ela teve rápida dispersão, mas não podemos atribuir isso somente à variante, pode ser também reflexo de um comportamento da população.”

No relatório que elevou a Lambda à VOI, a OMS afirmou que a variante é caracterizada por oito mutações na proteína spike, a coroa que liga o vírus à célula humana. O texto aponta que a Lambda tem sido associada a taxas substanciais de transmissão comunitária, com aumento de prevalência ao longo do tempo e de incidência de Covid-19 nas regiões onde é detectada. (Da Redação com Estadão Conteúdo)