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Orientação de Leite terá peso na eleição

03 de Julho de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Governador assumiu-se homossexual em entrevista à TV.
Governador assumiu-se homossexual em entrevista à TV. (Crédito: FELIPE DELLA VALLE / AFP)

A declaração sobre a orientação sexual do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), na quinta-feira (1), terá um efeito nas eleições de 2022, caso o gestor estadual seja candidato ao pleito do ano que vem. A avaliação é do cientista político Aldo Fornazieri, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP). No entanto, o impacto positivo ou negativo, como sugere, vai depender do teor político de sua campanha eleitoral e da forma como o governador vai se posicionar sobre o tema. Em entrevista a Pedro Bial, o governador assumiu sua homossexualidade afirmando ser um “governador gay” e não um “gay governador”. A revelação repercutiu nas redes sociais e muitos políticos apoiaram o governador.

“Tem um espaço de capitalização e perda, e isso vai depender muito dele”, analisa. Conforme explica, em entrevista ao Broadcast Político, o Brasil é um país com forte cultura homofóbica. No entanto, Fornazieri avalia que, para aqueles que defendem a causa LGBTQI+, o impacto será positivo por ter demonstrado coragem sobre o assunto. Para o especialista, embora acredite que o governador deva se manifestar para refutar qualquer tipo de preconceito, Leite não tem que utilizar esse fato a seu favor na corrida presidencial.

O cientista político relembra que, em 2018, o governador seguiu o discurso de seu partido e votou em Bolsonaro. Fornazieri pontua que, diante dessa postura, “fica uma reticência”. “A declaração tem um valor em si, independentemente do fato de ele ter apoiado Bolsonaro, mas politicamente ele deve se explicar porque o apoiou”, afirma. Por ser filiado a um partido tradicional como o PSDB, o professor comenta que a declaração do gestor estadual é uma oportunidade para a legenda fazer uma autocrítica pública.

A aposta do professor no resultado das prévias do PSDB é o principal adversário interno de Leite, o governador de São Paulo, João Doria. Para Fornazieri, Doria tem na vacina da Coronavac um ativo a apresentar nacionalmente. “Acho ainda que o Doria está mais aparelhado retoricamente para o enfrentamento das eleições, principalmente com o Bolsonaro”, afirma. Segundo o cientista político, “um candidato mais tranquilo, como o Leite, não teria condições de entrar na polarização se for entre Lula e Bolsonaro”. Independentemente do resultado das prévias, o professor aposta em uma eleição com forte radicalização. (Da Redação com Estadão Conteúdo)