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CPI da Covid

Luiz Dominghetti aumenta polêmica na CPI

02 de Julho de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Depoimento de policial durou 7 horas e dividiu senadores.
Depoimento de policial durou 7 horas e dividiu senadores. (Crédito: EDILSON RODRIGUES / AGÊNCIA SENADO)

O depoimento do policial militar Luiz Paulo Dominghetti à CPI da Covid, ontem (1), levantou suspeitas de senadores de que ele pode ter sido “infiltrado” pelo governo para produzir provas fraudulentas e prejudicar investigações sobre corrupção no Ministério da Saúde. Em sessão tumultuada, que durou mais de sete horas, o policial afirmou que o deputado Luis Miranda (DEM-DF), autor de denúncias sobre irregularidades no contrato para compra da vacina indiana Covaxin, também estava envolvido nas negociações de imunizantes oferecidos pela Davati Medical Supply.

Miranda desmentiu Dominghetti e o celular do homem que se apresentou como vendedor de vacinas da Astrazeneca acabou apreendido pela Polícia Legislativa para que fosse periciado. Senadores do grupo que detém a maioria na CPI viram “armação” do Palácio do Planalto por trás do depoimento. Representante da Davati, Dominghetti mostrou à CPI um áudio de uma conversa em que Miranda aparece dizendo ter um “comprador com potencial de pagamento instantâneo”.

Aos senadores, o policial afirmou que a gravação havia sido enviada ao CEO da Davati, Cristiano Alberto Carvalho. O áudio seria a prova de que o deputado quis negociar vacinas dentro do Ministério da Saúde, local onde trabalha seu irmão, Luis Ricardo Miranda, chefe de importação do Departamento de Logística.

“O comentário do Cristiano foi o seguinte: ele está lá fazendo a denúncia, mas aqui faz o inverso”, declarou o depoente aos senadores. Furioso, Miranda -- que estava no Congresso -- “invadiu” a sessão da CPI para dizer que tudo aquilo era mentira e teve de ser contido por colegas. Houve muito bate-boca.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), não escondeu a irritação com Dominghetti. “Não venha achar que todo mundo aqui é otário nem pateta. Na nossa região, chapéu de otário é marreta e jabuti não sobe em árvore”, protestou. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente, reagiu: “O senhor não quer conhecer a verdade?”. Mais tarde, Flávio disse que a oposição queria transformar a CPI em “palco” antecipado para a disputa de 2022.

Já do lado de fora, Miranda afirmou que a gravação apresentada pelo policial era de outubro do ano passado e se referia à negociação para venda de luvas a uma empresa americana. Além de parlamentar, Miranda preside a LX Holding Corp., empresa que atua nos Estados Unidos.

Dominghetti foi convocado pela CPI porque disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, cobrou propina de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca para fechar contrato com a Davati, em fevereiro. Não houve acordo. Dias foi demitido na última terça-feira. Antes, o próprio Miranda e o irmão dele, o servidor Luis Ricardo, haviam dito à CPI que Dias fazia pressão para que a compra da Covaxin fosse acelerada. O negócio previa uma antecipação de pagamento de US$ 45 milhões para uma offshore. (Da Redação com Estadão Conteúdo)