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Polícia investigará se Lázaro atuou como jagunço em Goiás

Após 20 dias de fuga, bandido foi morto em troca de tiros, ontem

29 de Junho de 2021 às 00:01
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Prisão aconteceu depois de Lázaro visitar a ex-sogra
Prisão aconteceu depois de Lázaro visitar a ex-sogra (Crédito: SERGIO LIMA / AFP)

A morte do fugitivo Lázaro Barbosa, na manhã de ontem (28), não põe fim ao trabalho da Polícia Civil de Goiás, que, a partir de agora, centrará esforços para esclarecer se o acusado de ter cometido múltiplos assassinatos recebeu ajuda para escapar ao cerco dos agentes de segurança por 20 dias.

“As investigações não acabam aqui. Ainda temos algumas pessoas para investigar e prender”, disse a jornalistas o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda. Segundo ele, a Polícia Civil já está investigando a suspeita de que Lázaro agia como matador de aluguel e contou com o auxílio de pessoas que não queriam que ele fosse preso.

O principal alvo da apuração da suposta ligação de Lázaro com matadores é, de acordo com Miranda, o dono de uma chácara onde o fugitivo chegou a se esconder e obter alimentos, Elmi Caetano Evangelista, preso na última quinta-feira (24).

“O empresário [chacareiro] que está preso é um dos líderes da organização”, disse o secretário, afastando a tese de que Lázaro atuava sozinho. “Mais para frente, quando a investigação estiver finalizada, colocaremos [todas as informações] para vocês. Mas já há uma linha de apuração. Uma das coisas [hipóteses] é de que ele [Lázaro] atuava como jagunço ou segurança para algumas pessoas”, afirmou o secretário estadual, declarando que a suposta ‘organização’ pode estar envolvida com crimes como latrocínio e assassinatos nos quais Lázaro pode ter participação.

Segundo Miranda, Lázaro trocou de roupas várias vezes (“Uma prova de que ele tinha uma rede que o acobertava”) e, ao ser morto, estava com cerca de R$ 4,4 mil no bolso. O que, para o secretário, evidencia não só sua intenção de seguir fugindo, mas também que ele contava com o suporte de outras pessoas. O dinheiro é, certamente, um indicativo de que ele estava querendo sair do Estado ou do País. E esta questão dele querer fugir, logicamente com o patrocínio [de terceiros], tinha gente interessada em que ele não fosse preso.

Lázaro foi surpreendido por policiais quando chegava à casa de sua ex-sogra, na zona rural de Águas Lindas (GO), a cerca de 50 quilômetros de Brasília. “Ele foi para encontrar com ela. Nós já estávamos monitorando, tentamos pegá-lo no momento [em que ele se aproximou], mas ele chegou a ameaçar alguns policiais”, contou Miranda, explicando que após ser cercado, Lázaro trocou tiros com os policiais e foi baleado. Sua ex-esposa e sua ex-sogra foram conduzidas para prestar depoimento.

Socorrido com vida, Lázaro foi levado ao Hospital Municipal Bom Jesus, de Águas Lindas de Goiás (GO), mas não resistiu aos ferimentos. Seu corpo já foi transferido para o Instituto Médico Legal (IML) de Goiania, onde será periciado antes de ser liberado para que sua família providencie o enterro.

Crimes

Lázaro é acusado de assassinar quatro pessoas da mesma família em uma chácara no Distrito Federal. Uma quinta vítima teria sido feita refém em Goiás. Ele ainda é suspeito de balear três pessoas no município de Cocalzinho de Goiás, onde se concentraram as buscas. Além disso, já tinha sido condenado por homicídio na Bahia.

A Agência Brasil conversou, por telefone, com o advogado do chacareiro Elmi Caetano Evangelista, Ilvan Barbosa, que informou que só se pronunciará sobre o caso por meio de uma nota que divulgaria ainda ontem mas, até o fechamento desta edição, não havia se manifestado.

O Boletim de Ocorrência da ação cita 125 disparos efetuados contra Lázaro. O acusado estava com uma mochila onde foram encontrados, além de uma quantia em dinheiro, remédios, arma de fogo, carregador de pistola sobressalente, coldre de arma de fogo, gandola (uma espécie de capote) camuflada e munições. Além disso, havia balaclava, luva de pano, liga de borracha, isqueiro, faca, um frasco com óleo, macarrão instantâneo e tempero pronto.

O cerco policial para prendê-lo, com mais de 200 agentes, durou mais de duas semanas e as buscas se concentraram na região de Cocalzinho de Goiás (GO), entre o Distrito Federal e Goiânia. (Da Redação com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)