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CPI da Covid

Irmãos Miranda falam à CPI em Brasília

26 de Junho de 2021 às 00:01
Da Redação [email protected]
Irmãos dizem ter avisado o presidente sobre suspeitas de corrupção.
Irmãos dizem ter avisado o presidente sobre suspeitas de corrupção. (Crédito: JEFFERSON RUDY / AGÊNCIA SENADO)

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), e seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, confirmaram ter avisado o presidente Jair Bolsonaro, há três meses, sobre suspeitas de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin e relataram uma “pressão atípica” para acelerar a importação. Bolsonaro teria mostrado saber a origem da pressão ao dizer “é mais um rolo desse (parlamentar)...” Miranda disse que o presidente se referia a um deputado da base do governo. A dupla pôs Bolsonaro no centro de um escândalo e, a partir de agora, a CPI passará a mirar o presidente.

Ao relatar a conversa com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, no dia 20 de março, um sábado, Miranda indicou que o presidente estava ciente de todas as irregularidades. “Ele cita para mim assim: ‘Vocês sabem quem é, né? Sabem que ali é f... e tal. Se eu mexo nisso aí, você já viu a merda que vai dar”. Falou assim ‘Isso é fulano’, para mim e para o meu irmão. Vocês sabem que é fulano, né?. Não lembro o nome”, afirmou o deputado, relatando o que Bolsonaro teria dito ao ouvir a denúncia sobre pagamento de propina por parte de gestores, dentro do Ministério da Saúde, e pressão para acelerar o negócio.

Pressionado várias vezes a revelar o nome do parlamentar ao qual Bolsonaro se referia, Miranda disse apenas que era “um deputado da base do governo” e que iria procurar numa “gravação”, embora tenha dito que não havia gravado o presidente. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a servidora responsável por fiscalizar o contrato do ministério com a Covaxin era Regina Célia Silva Oliveira, indicada pelo deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), hoje líder do governo na Câmara. Regina Célia deu aval para a negociação, mesmo sem a assinatura de Luis Ricardo.

Presidente da Precisa Medicamentos e da Global, o empresário Francisco Emerson Maximiano já foi alvo de ação por irregularidades em contrato com o Ministério da Saúde em 2018. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal justamente à época em que Ricardo Barros era ministro. Na ocasião, a pasta pagou R$ 20 milhões para comprar remédios de alto custo a pacientes com doenças raras, mas os produtos nunca foram entregues.

“O presidente falou, com clareza, que iria encaminhar todas as informações para o DG (diretor-geral) da Polícia Federal”, O servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda afirmou ter sofrido pressão incomum de seus superiores no ministério, inclusive nos fins de semana, para finalizar os trâmites de compra da Covaxin, vacina da farmacêutica indiana Bharat Biotech. A compra das vacinas chegou a ser anunciada pelo governo federal em fevereiro, mas o negócio segue em aberto. (Da Redação com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)