CPI da Covid
14 testemunhas da CPI viram investigados
Em nova etapa após quase dois meses de funcionamento, a CPI da Covid transformou 14 testemunhas em investigados, sendo a maioria dos nomes ligada ao presidente Jair Bolsonaro. Anunciada ontem pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), a lista inclui o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; o general Eduardo Pazuello, ex-titular da pasta e o ex-chanceler Ernesto Araújo, além de integrantes do chamado “gabinete paralelo”, núcleo de assessoramento do presidente na condução da pandemia.
A investigação representa uma derrota para o governo na CPI e expõe a estratégia para responsabilizar Bolsonaro pelo descontrole da pandemia do novo coronavírus, que está prestes a atingir a marca de 500 mil mortes. Renan afirmou que avalia incluir o próprio presidente como investigado.
Na prática, quando alguém passa da condição de testemunha para investigado significa que a CPI já levantou indícios e provas que podem responsabilizar sua atuação na pandemia. Ao mesmo tempo, em novo depoimento, o investigado pode ficar em silêncio para evitar produzir provas contra si mesmo.
Renan abandonou a sessão da CPI e anunciou fora da sala a lista com os 14 nomes investigados. Em um gesto de protesto ao depoimento de médicos que defendem o tratamento precoce contra Covid-19, o relator e outros senadores do G-7, grupo que inclui parlamentares de oposição e independentes, decidiram se retirar. Enquanto governistas ouviam o infectologista Ricardo Zimerman, um dos apontados como integrante do “gabinete paralelo”, Renan falava com os repórteres. Apesar de esvaziada com o boicote da oposição, a CPI também ouviu ontem o médico Francisco Cardoso Alves, outro defensor de cloroquina.
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reforçou, ontem (18) críticas à CPI da Covid no Senado, que investiga atos e omissões do governo federal no combate à Covid-19. Segundo Bolsonaro, o colegiado é “a CPI da mentira”, “onde não se busca a verdade”, e “que se ilude achando que vai derrubar o governo federal”. Durante cerimônia de liberação da pavimentação de 102 km da Rodovia Transamazônica (BR-230/PA), Bolsonaro voltou a recomendar o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, citando-os por nome, e disse recomendar que “pessoas que tenham problemas com a Covid-19 que procurem seu médico para o tratamento precoce”. Nas transmissões semanais das últimas semanas, o presidente tem evitado divulgar o nome e o uso de remédios sem comprovação contra a Covid-19 sob pena de ter o conteúdo retirado das redes sociais por violação aos termos de uso. (Da Redação com Estadão Conteúdo)