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CPI da Covid

Barrada pelo Planalto, médica critica uso de cloroquina à CPI

03 de Junho de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
Médica infectologista Luana Araújo na CPI da Pandemia.
Médica infectologista Luana Araújo na CPI da Pandemia. (Crédito: JEFFERSON RUDY / AGÊNCIA SENADO)

Em depoimento à CPI da Covid, ontem, a médica infectologista Luana Araújo afirmou que o debate sobre o chamado tratamento precoce, com uso de cloroquina, para o novo coronavírus é “indevido, sem cabimento e sem lógica”. Luana foi convidada para comandar a recém-criada Secretaria Extraordinária de Enfrentamento da Covid-19, vinculada ao Ministério da Saúde, mas acabou não assumindo o cargo por falta de alinhamento ao governo.

Acompanhada do pai, José Carlos Araújo, que é médico e advogado, Luana prestou um depoimento considerado técnico, durante seis horas e meia, e não se furtou a usar palavras fortes para apontar erros do governo na condução da pandemia. “Quando disse, há um ano atrás, que estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu, infelizmente, ainda mantenho isso em vários aspectos. Porque nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento”, afirmou ela.

Convidada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para assumir a nova secretaria, Luana teve o nome anunciado em 12 de maio. Em discurso naquele dia, a médica declarou que iria adotar medidas para combater o coronavírus com base em evidências científicas e se solidarizou com os parentes das vítimas da doença. Dez dias depois, no entanto, Queiroga disse que Luana não assumiria mais a pasta. Questionado se a saída da médica seria por pressão do Palácio do Planalto, o ministro negou. “Esse é um assunto que considero encerrado”, respondeu ele à época.

Aos senadores, Luana disse acreditar que o veto a seu nome não partiu de Queiroga. Ela evitou responsabilizar alguém pela decisão, mas admitiu que uma “polarização política” impede que bons profissionais trabalhem no governo federal. “Não foi me dado nenhum tipo de justificativa, mas entendi que a coisa estava se arrastando e que não iria acontecer. Meu nome não passaria pela Casa Civil.”

Depois de testes realizados a pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cloroquina foi apontada como ineficaz no combate ao vírus, além de poder causar efeitos colaterais adversos, como arritmia cardíaca. (Da Redação com Estadão Conteúdo)