Rio de Janeiro
Ação policial mais letal do Rio termina com 25 mortos
Operação na favela contra o tráfico matou 24 suspeitos e 1 policial
A Polícia Civil deflagrou ontem a operação policial mais letal da história do Rio, provocando 25 mortes -- uma delas, de um policial -- na comunidade do Jacarezinho, zona norte da cidade. A intenção, segundo a corporação, era prender envolvidos em um esquema de aliciamento de menores para o tráfico e de roubo de trens da Supervia.
A Operação Exceptis começou às 6h, com sobrevoo de helicópteros e intensa troca de tiros. O resultado da ação, no entanto, remeteu a episódios anteriores de uso excessivo da força em favelas cariocas. Essas iniciativas se transformaram em alvo de protestos, investigações e críticas de especialistas.
Excluído o policial assassinado por criminosos, a Polícia Civil diz que os outros 24 mortos eram “criminosos”, mas não revelou as identidades. Relatos de moradores postados nas redes sociais e ouvidos por autoridades que foram à favela, porém, levantaram suspeitas sobre as circunstâncias das mortes.
Além dos mortos, houve feridos -- inclusive dentro da Estação Triagem, da Linha 2. A concessionária Metrô Rio confirmou que uma pessoa foi ferida por estilhaços de vidro; a outra, de raspão no braço pela bala.
A ação resultou na apreensão de 16 pistolas, 12 granadas, 6 fuzis, 1 submetralhadora e 1 escopeta, além de drogas. O armamento pesado, símbolo do poder de fogo da facção que domina a comunidade, foi usado pelos traficantes para atacar agentes, em confrontos nas vielas.
O Ministério Público disse ter sido informado da operação “após o seu início, sendo recebida (a comunicação) às 9h”. A instituição investigará suposto abuso policial e afirmou também que a Polícia Civil cumpria “mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão no interior da comunidade, sabidamente dominada por facção criminosa”. Destacou ainda que a corporação apontou a extrema violência imposta pelos criminosos como “elemento ensejador da urgência e excepcionalidade para realização da operação”. Somente nesses casos podem ser feitas ações do gênero durante a pandemia, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). (Da Redação com Estadão Conteúdo)