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Vacinação

Moradores de Botucatu serão vacinados

Projeto do Ministério da Saúde, com vacina Astrazeneca, é testar efeitos da aplicação em massa

29 de Abril de 2021 às 00:01
Estadão Conteúdo [email protected]
As pesquisas serão acompanhadas pela Fiocruz e pela Universidade de Oxford.
As pesquisas serão acompanhadas pela Fiocruz e pela Universidade de Oxford. (Crédito: SPENCER PLATT / GETTY IMAGES / AFP)

Um projeto do Ministério da Saúde prevê a vacinação em massa da população de Botucatu, no interior de São Paulo, com a vacina Astrazeneca, distribuída no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo é testar os efeitos da vacina quando aplicada em massa e sua eficácia contra novas cepas do coronavírus. A cidade tem 148 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geogafia e Estatística (IBGE), mas a vacinação deve atingir apenas os maiores de 18 anos, excluindo a população que já foi vacinada e os não vacináveis.

O estudo é semelhante ao que já foi realizado em Serrana, outra cidade do interior paulista, com a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, mas abrange uma população maior. As pesquisas serão acompanhadas pela Fiocruz e pela Universidade de Oxford, que desenvolveu o imunizante. O projeto envolve ainda a prefeitura de Botucatu e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, vinculado à Universidade Estadual Paulista (Unesp), além da Fundação Gates, que apoia o desenvolvimento de vacinas em países em desenvolvimento.

O estudo foi aprovado na noite de terça-feira, 27, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e as doses da vacina serão doadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) do governo federal. “Essa fase de estudos é justamente para avaliar a efetividade da vacina contra as possíveis variantes desse vírus. Então, nós vamos vacinar a população de Botucatu inteira. Essa pesquisa trará resposta acerca do que queremos saber sobre o uso da vacinação” disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

De acordo com o infectologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, da Faculdade de Medicina de Botucatu, a vacinação deve começar em maio e a primeira dose será aplicada em 15 dias. “Descontados os menores de idade e os moradores já vacinados, vamos abranger cerca de 80 mil pessoas. A ideia é avaliar o impacto da vacinação nesse público e comparar com os grupos não vacinados.”

A cidade é polo regional e o Hospital das Clínicas atende pacientes de mais de 60 municípios, por isso serão feitas comparações também com esse público. A vacina da Fiocruz é aplicada em duas doses, a segunda três meses após a primeira aplicação. De acordo com o infectologista, durante estes três meses que antecedem a aplicação da segunda dose será possível saber se a primeira já é capaz de reduzir a circulação do vírus. O estudo inclui sequenciamentos genéticos do vírus e de novas cepas que já circulam na região. Botucatu registrou 10.706 casos e 117 mortes.

Serrana

No estudo clínico da Coronavac, coordenado pelo Instituto Butantan, 98% dos moradores de Serrana cadastrados receberam as duas doses, entre meados de fevereiro e o início de abril deste ano. A imunização atingiu 28,3 mil dos 45,6 mil habitantes, índice de 60% da população total. Os dados ainda estão em análise, já que os vacinados serão acompanhados durante um ano. Os números da Covid-19 na cidade indicam queda na média móvel de casos positivos de 29 na primeira semana de março para 7 na semana de 19 a 25 de abril. (Estadão Conteúdo)